por
Bruno Shahini
5 min
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Publicado em
9/6/2025
A semana foi marcada por alta volatilidade nos mercados, com o dólar alternando entre valorização externa e enfraquecimento local. A tensão comercial entre EUA e China impulsionou o real no início da semana, apoiado também na valorização do petróleo e no fluxo para emergentes. No cenário doméstico, o destaque foi a expectativa em torno de medidas fiscais para substituir o aumento do IOF, o que sustentou o otimismo dos investidores. O ponto alto veio na sexta-feira com a divulgação do payroll nos EUA, que provocou forte reação nas taxas dos Treasuries e inicialmente valorizou o dólar. No entanto, o real inverteu a tendência durante a tarde, impulsionado pelas sinalizações de avanço na agenda fiscal brasileira e pela reavaliação da trajetória da Selic, encerrando a semana como uma das moedas mais fortes entre os emergentes.
O grande evento do dia foi a divulgação do relatório de empregos americano (payroll), que trouxe impacto significativo sobre a curva de juros nos Estados Unidos. A reação dos Treasuries, com aumento expressivo das taxas, sustentou inicialmente um movimento global de valorização do dólar, refletindo também no mercado brasileiro e fazendo a moeda norte-americana avançar na parte da manhã.
No entanto, durante a tarde, o dólar inverteu a direção no mercado doméstico, destoando do cenário internacional de fortalecimento da divisa americana. Nesse período, o real seguiu comportamento semelhante ao peso mexicano, destacando-se entre as poucas moedas que conseguiram se valorizar frente ao dólar. Esse desempenho positivo pode ser explicado pelo retorno do otimismo dos mercado, à medida que se aproximam anúncios importantes sobre medidas fiscais. Declarações recentes de autoridades políticas e econômicas sinalizam avanços na agenda fiscal, especialmente sobre cortes em benefícios tributários. Este ambiente, combinado a uma reavaliação das perspectivas para a taxa Selic, impulsionou a recuperação e valorização do real na segunda metade do dia.
O movimento geral do mercado é de tomada de risco em meio ao avanço das negociações entre Trump e Xi Jinping. Moedas de países emergentes e ligados a commodities são especialmente beneficiadas, pela forte exposição à economia chinesa, e o fluxo de entrada no Brasil especificamente se apoia na expectativa pelo anúncio de medidas fiscais estruturais nos próximos dias, em substituição às mudanças do iof. O movimento de risk-on será colocado à prova com a divulgação do payroll na sexta-feira: a saúde da atividade econômica americana é observada na lupa por investidores que ensaiam uma rotação mais contundente para a tese de IA e outras ações de crescimento.
O dólar encaminha o pregão de hoje para uma leve valorização. No exterior, os dados divulgados nesta manhã enfraqueceram a moeda americana no mercado global: o relatório de empregos ADP veio muito abaixo do consenso, enquanto o ISM de serviços referente a maio voltou para o território de contração.
No plano doméstico, o destaque permanece na indefinição quanto às medidas compensatórias para o fim da cobrança do IOF. Além disso, a emissão de títulos soberanos no exterior contou com forte demanda por parte dos investidores estrangeiros, o que ajudou a limitar a alta da moeda na sessão.
O dólar teve volatilidade na sessão de hoje, iniciando o dia em alta frente ao real, influenciado pela valorização da moeda americana no exterior, medida pelo índice DXY, e por dados fracos da economia chinesa, que pressionaram moedas de países exportadores. No entanto, reverteu o movimento após declarações do Executivo sobre a apresentação de um pacote de medidas voltadas ao ajuste fiscal, como a antecipação de receitas do pré-sal, apresentadas como alternativa ao aumento do IOF. A perspectiva de um acordo político entre Executivo e Congresso contribuiu para reduzir a pressão no câmbio, favorecendo a valorização do real — uma das poucas divisas que se apreciaram em relação ao dólar na sessão de hoje.
Apesar da melhora local, o cenário internacional permanece desafiador, com atenção voltada à desaceleração da economia chinesa, após a divulgação do PMI industrial em território de contração, e à continuidade das incertezas comerciais com os Estados Unidos.
O real se valoriza no pregão desta segunda-feira, acompanhando mais um dia de enfraquecimento global do dólar, com o índice DXY operando abaixo dos 99 pontos, em meio ao aumento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. A retomada do discurso protecionista por parte do governo norte-americano, com ameaças de elevação de tarifas sobre aço e alumínio, reflete uma sessão marcada pela aversão ao risco dos investidores direcionada principalmente aos rendimentos dos títulos do tesouro americanos e a fraqueza do dólar. A valorização do petróleo, diante das incertezas geopolíticas entre Rússia e Ucrânia, também contribui para o fluxo positivo em direção a mercados emergentes, especialmente o real.
Apesar do movimento favorável, a moeda brasileira ainda encontra limitações impostas pelo cenário fiscal doméstico. O impasse em torno do aumento do IOF, a ausência de medidas claras de contenção de gastos e o desconforto com o viés expansionista da política fiscal em ano pré-eleitoral mantêm o risco Brasil em evidência.
Bruno Shahini
Com 9 anos de experiência no mercado financeiro, atuou na Votorantim Asset e no Banco Daycoval, é economista formado no Insper e possui as certificações CFP® (Certified Financial Planner) e CGA (Gestão de Carteiras ANBIMA)
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