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Time Nomad
15 min.
-
Publicado em
30/10/2025

Qualquer pessoa que começa a pesquisar sobre investir em criptomoedas se depara imediatamente com um grande dilema: a volatilidade. Os preços do Bitcoin, Ethereum e outras criptos sobem e descem de forma drástica, muitas vezes em questão de horas. Essa instabilidade é o que atrai especuladores, mas também o que assusta a maioria dos investidores.
Foi para resolver exatamente esse problema que nasceram as stablecoins.
Elas são, talvez, uma das invenções mais importantes do mercado cripto depois do próprio Bitcoin. Elas funcionam como uma "ponte" estável entre o sistema financeiro tradicional (baseado em moedas como o dólar) e o novo mundo dos ativos digitais.
Mas o que são exatamente? Como elas conseguem ser estáveis? E quais são as mais estáveis? Este guia vai responder a todas essas perguntas.
Uma stablecoin (ou "moeda estável", em tradução literal) é um tipo de ativo digital cujo valor é pareado (lastreado) a um ativo do mundo real, com o objetivo de minimizar a volatilidade.
Na prática, é uma criptomoeda que busca vale sempre a mesma coisa. A grande maioria delas é pareada ao dólar americano, seguindo uma regra simples: 1 stablecoin = 1 Dólar.
A mágica que permite essa estabilidade não tem nada a ver com algoritmos complexos (pelo menos não nas mais confiáveis), mas sim com uma garantia física: o lastro.
Para as stablecoins mais transparentes e confiáveis do mercado, para cada 1 token digital emitido, a empresa emissora (como a Circle, no caso da USDC) é obrigada a guardar o equivalente a US$ 1 em reservas.
Essas reservas não são apenas uma promessa; elas são mantidas em instituições financeiras reguladas e podem ser compostas por:
Essa reserva garante que, a qualquer momento, o dono de 1 token de stablecoin possa trocá-lo por 1 Dólar real. É essa garantia 1:1 que "trava" o preço.
É aqui que o conceito fica claro. O Bitcoin não possui lastro físico. Não há nada que garanta o seu valor, a não ser a confiança das pessoas na rede e a pura lei da oferta e da demanda. Se mais pessoas querem comprar do que vender, o preço sobe; se mais pessoas querem vender, o preço cai. Por isso ele é tão volátil.
Uma stablecoin lastreada, por outro lado, não flutua. Se o preço dela caísse para US$ 0,98, por exemplo, arbitradores comprariam milhões de tokens a 98 centavos para trocá-los pelo lastro de US$ 1,00, obtendo lucro e forçando o preço de volta ao US$ 1,00.
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É essencial saber que nem todas as stablecoins são criadas iguais. Elas se diferenciam pelo tipo de garantia que oferecem.
Este é o modelo mais confiável, popular e simples de entender, que acabamos de descrever. O lastro é feito em moedas tradicionais (como Dólar ou Euro) ou em ativos equivalentes (como títulos do Tesouro). Elas são emitidas por empresas centralizadas e passam por auditorias regulares.
São stablecoins que usam outras criptomoedas como garantia (ou colateral). Por exemplo, para emitir 100 dólares da stablecoin DAI, você precisa "travar" 150 dólares de Ethereum em um contrato inteligente. São mais complexas e descentralizadas, sendo populares no universo de Finanças Descentralizadas (DeFi).
Esta categoria não possui lastro físico. Elas tentam manter o preço estável usando algoritmos complexos que compram e vendem moedas automaticamente para equilibrar a oferta e a demanda.
Este modelo é extremamente arriscado e já se provou falho de forma catastrófica, como no famoso colapso do ecossistema Terra/LUNA em 2022.
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Para quem busca estabilidade e acesso ao dólar, o foco deve estar apenas no primeiro grupo: as colateralizadas em moeda fiduciária. Dentro dele, duas dominam o mercado:
Sim, em termos de volume e capitalização de mercado, a USDT (Tether) é, historicamente, a maior stablecoin do mundo. Ela foi a primeira a ganhar escala e é a mais utilizada por traders em corretoras de criptomoedas (exchanges) ao redor do mundo para agilizar negociações.
A USDC (USD Coin) é a principal concorrente da USDT e é considerada por muitos analistas, reguladores e instituições como a stablecoin com menor risco percebido e maior transparência do mercado.
O motivo dessa reputação é simples: a USDC é emitida pela Circle, uma empresa americana regulada e sediada em Boston. A Circle se destaca pela alta transparência de suas reservas, publicando relatórios de auditoria mensais (feitos por grandes firmas, como a Deloitte) que atestam que cada USDC em circulação tem, de fato, o seu dólar correspondente guardado em caixa e em Títulos do Tesouro dos EUA.
Por ser vista como a opção mais alinhada às regulações financeiras, a USDC se tornou a escolha preferida para empresas, instituições e investidores que buscam a forma mais confiável de usar um dólar digital.
Stablecoins são a "ponte" que torna o mercado cripto funcional. Seus casos de uso são os principais motivos de estarem tão em alta:
Este é o caso de uso mais importante para investidores. Imagine que você comprou Bitcoin e ele dobrou de preço. Você quer realizar seu lucro, mas não quer sacar o dinheiro para Reais, pois acredita que o dólar vai subir.
Você pode vender seus Bitcoins e trocar por USDC. Com isso, você "trava" seus lucros: você saiu da volatilidade do Bitcoin, mas seu patrimônio continua dolarizado, 100% estável e pronto para ser usado em uma nova oportunidade, sem precisar passar pelo sistema bancário tradicional.
As stablecoins são uma revolução para pagamentos. Se você precisa enviar US$ 1.000 para alguém em outro país, uma transferência bancária (wire) pode levar dias e custar mais de US$ 30 em taxas.
Enviar US$ 1.000 em USDC pode levar poucos segundos (dependendo da rede blockchain) e custar alguns centavos em taxas de rede. E funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem feriados bancários.
As stablecoins são o "sangue" que alimenta o ecossistema de Finanças Descentralizadas (DeFi). Elas são a unidade de conta padrão usadas para gerar renda passiva através de staking (depósitos remunerados) ou lending (empréstimos) em plataformas descentralizadas.
Um ponto importante: você não "investe" em uma stablecoin como a USDC esperando que ela se valorize. O objetivo não é o preço dela subir (afinal, ele deve ser sempre US$ 1), mas sim ter acesso ao dólar digital de forma eficiente.
O processo para comprar é simples:
Depois de compradas, você pode mantê-las na corretora ou transferi-las para uma carteira digital própria (wallet), o que lhe dá total controle e auto-custódia sobre seus fundos.
As stablecoins são, sem dúvida, um dos pilares mais importantes da nova economia digital. Elas resolvem o principal problema do mercado cripto — a volatilidade — e criam uma ponte confiável, rápida e barata entre o sistema financeiro que conhecemos e o futuro das finanças.
Elas permitem que qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, tenha acesso aos benefícios do dólar de forma programável e quase instantânea.
Aviso de Risco: Investimentos em criptoativos são altamente voláteis e podem resultar em perdas significativas. Este tipo de investimento pode não ser adequado para todos os perfis de investidor. Avalie cuidadosamente sua tolerância ao risco antes de investir.
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