por
Nickolas Lobo
3 min
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Publicado em
30/5/2025
A temporada de resultados está chegando ao fim, revelando alguns insights para o resto do ano em meio a um cenário desafiador.
Em primeiro lugar, 78% das companhias do S&P 500 reportaram um EPS (lucro por ação) acima do esperado pelo consenso. O mais interessante é que esse valor se encontra acima das médias históricas — superando a média dos últimos 12 meses (77%), a média de 5 anos (77%) e também a média dos últimos 10 anos (75%). Esse nível elevado de surpresas positivas pode ser interpretado de duas formas. Por um lado, indica que muitas empresas conseguiram preservar margens ou controlar custos de maneira mais eficiente do que o mercado antecipava. Por outro, também pode refletir uma postura conservadora dos analistas ao projetar os resultados do período, refletindo as turbulências políticas colocadas em pauta desde o início do ano.
Em síntese, os dados até aqui apontam para uma temporada de resultados acima da média, com uma proporção elevada de empresas superando as expectativas de lucro. Embora o ciclo macro continue desafiador, o desempenho corporativo do primeiro trimestre oferece sinais positivos quanto à capacidade de adaptação e execução das empresas do S&P 500.
Em segundo lugar, as revisões feitas em torno do crescimento de lucros para 2025 das empresas do S&P 500 apontam uma queda de projeções ao longo do ano, provavelmente associada a uma distribuição de sentimentos. Nos primeiros meses de 2024, o sentimento era misto, mas majoritariamente construtivo, associado a um período de desinflação e aumento da confiança dos investidores de que o Federal Reserve havia encerrado o ciclo de aperto monetário. Contudo, diversos eventos econômicos contribuíram para essa inflexão. Ao longo do ano de 2024, dados de inflação acima do esperado, especialmente no núcleo de serviços, reacenderam os temores de juros elevados por mais tempo. Discursos com tom hawkish de membros do FOMC e uma forte correção nos mercados de títulos públicos reforçaram essa percepção.
Atualmente, o maior temor é em relação a incertezas políticas e os impactos fiscais, monetários e na atividade econômica. A menor previsibilidade do ambiente econômico tem afetado as projeções de para o resto do ano, onde mesmo em um cenário de aumento de dois dígitos, ano a ano, nos lucros reportados neste trimestre (~13%), a projeção para o fim do ano mira em crescimento de 9,5%, relativamente consonante com a média dos últimos 5 anos de 8,8%, mas abaixo do crescimento de ~11,0% de 2024. Enquanto isso, mesmo com a guerra comercial, os managements das companhias vêm publicando guidances positivos acima das médias dos últimos 5 e 10 anos, ou seja, revisando os seus lucros para cima para o fim de 2025. Por fim, o consenso da projeção dos analistas não reduz de maneira estrutural o crescimento para os próximos anos: embora as perspectivas para o resto de 2025 tenham sido revisadas para baixo, espera-se um crescimento de 13,5% e 12,2%, respectivamente para 2026 e 2027.
Nickolas Lobo
Analista de Research da Nomad, com 5 anos de experiência no mercado financeiro, com passagem pela Spectra, Banco Modal e mais de 3 anos trabalhando em equities globais, principalmente no mercado americano, na RXZ Investimentos. É graduado em Economia pelo Insper
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