Educação financeira: aprenda a guardar e investir o seu dinheiro

Por:
Paula Zogbi
22/11/2024
|
Atualizado em
29/10/2024
15 min de leitura

Como está o seu nível de educação financeira? Se você tem dúvidas para responder, é provável que tenha dúvidas sobre o assunto. Essa é uma situação bastante comum, especialmente no Brasil. Afinal, o tema não é abordado com as crianças — e isso gera um cenário bastante negativo.

Para ter uma ideia, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) relativa a outubro de 2022 indicou que 30,3% das famílias brasileiras estão inadimplentes. Isso significa que elas têm alguma dívida em aberto já vencida.

A falta de educação financeira também faz com que 33,7% dos brasileiros tenham gastos mais elevados do que a renda mensal. Com isso, 3 a cada 4 pessoas têm as finanças como sua maior preocupação.

Se você se reconheceu em algum desses critérios, está na hora de rever a sua relação com o dinheiro. Para isso, é importante saber o que é educação financeira e conferir os principais detalhes do assunto. Neste post, vamos apresentar os detalhes. Confira!

Educação financeira: aprenda a guardar e investir o seu dinheiro. O que é educação financeira?

A educação financeira é um processo em que se compreende melhor como lidar com o dinheiro. Assim, você aprende a melhor forma de gerenciar os seus recursos de maneira inteligente, buscando o equilíbrio da saúde financeira na sua vida pessoal.

Portanto, é por meio desse conhecimento que você consegue fazer uma gestão financeira pessoal. Ou seja, consegue gastar menos do que ganha, conquista seus objetivos, poupa e até investe. Desse modo, consegue formar um patrimônio.

Ainda é possível ir além. Com a educação voltada para as finanças, você começa a entender conceitos relevantes para a sua relação com o dinheiro. Por exemplo, o que é o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), spread bancário e mais.

Todas essas informações ajudam a tomar decisões mais conscientes, que contribuem para um futuro mais tranquilo. Afinal, você se torna capaz de analisar os riscos de cada operação que pretende fazer, identificar oportunidades e entender como determinada compra pode impactar o seu orçamento pessoal ou familiar.

Obrigatoriedade do ensino sobre finanças

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) determinou que a educação financeira é obrigatória em todas as escolas. A medida passou a ser válida em 2020. O propósito é aumentar a conscientização de crianças e adolescentes.

Assim, é possível trabalhar diferentes temas que fazem parte do presente e do futuro. Por exemplo, investimentos, sistema financeiro, previdência social e privada, crescimento econômico do país, endividamento, empreendedorismo etc.

Por mais que isso pareça distante dos estudantes, é um conhecimento que ajuda a construir o futuro.

Qual é o objetivo da educação financeira?

A educação para as finanças prevê o aprendizado de boas práticas que levem a uma vida mais tranquila no que se refere ao orçamento pessoal e familiar. Para isso, diversos assuntos são trabalhados que trazem impactos positivos para a conquista da liberdade e da autonomia financeira. Entre eles estão:

  • Economizar;
  • Investir o dinheiro;
  • Cortar despesas;
  • Aumentar a renda;
  • Planejar o que fazer com o dinheiro;
  • Definir metas para seus gastos.

Em outras palavras, o objetivo é acabar com aquele meme “sobra mês para o final do dinheiro”. A ideia é justamente inverter essa relação, fazendo com que você domine o dinheiro, em vez do contrário.

Com esse conhecimento, você sabe quais são os tipos de cartão de crédito, qual é a melhor alternativa para a sua realidade e como usá-lo com inteligência. Esse é apenas um exemplo, já que existem muitos outros. Afinal, as finanças estão atreladas ao lado pessoal e profissional da vida.

Quais são os 5 principais pilares da educação financeira?

Para fazer esse conhecimento trazer benefícios reais, a educação financeira está embasada em 5 pilares. Veja quais são eles.

1. Disciplina

O primeiro princípio mostra que é preciso ter força de vontade para aprender a cuidar das suas finanças. Portanto, é necessário acabar com as crenças e os maus hábitos, reconhecendo-os e mudando seu comportamento.

2. Organização

É fundamental fazer um bom controle financeiro pessoal para saber quais são seus gastos e ganhos mensais. A partir dessa informação, você consegue agir de maneira pontual para evitar os supérfluos. Afinal, conseguirá saber:

  • Quanto gasta;
  • Quanto ganha;
  • Quais categorias de despesas impactam mais o seu orçamento.

A partir disso, consegue renegociar os débitos em aberto, usar o cartão de crédito de forma mais consciente e reduzir ou eliminar gastos para ter dinheiro sobrando.

3. Levantamentos

Além de organizar as suas finanças, você precisa conhecer os detalhes de outros aspectos financeiros importantes. Eles ajudarão a evitar que você entre na inadimplência. Aqui, as principais recomendações são fazer o levantamento relativo a:

  • Controle mensal do orçamento;
  • Cartão de crédito;
  • Dívidas;
  • Investimentos.

A partir disso, pense sobre quais são os seus sonhos e metas. Assim, você terá uma visão clara de toda a sua realidade financeira e começará a entender o que precisa fazer para atingir seus objetivos.

4. Estratégia

Com todos os dados anotados, chega o momento de criar a estratégia certa. Verifique o que você faz que deixa suas contas no vermelho. Então, coloque em prática aquilo que foi verificado. Esse é o momento de:

  • Economizar;
  • Definir limites de gastos por categorias;
  • Fazer trocas para gastar menos, por exemplo, academia por exercícios ao ar livre ou restaurantes e entregas de delivery por comida feita em casa;
  • Cortar despesas desnecessárias, como TV a cabo.

Assim, você começa a trilhar o caminho para alcançar seus objetivos. Afinal, sabe exatamente o que precisa fazer.

Ainda é importante observar que esses exemplos são apenas possibilidades, não regras. Ou seja, se a academia for muito importante para você, mantenha. O que importa é definir prioridades.

Assim, você gasta de forma consciente. Você ainda pode utilizar técnicas que ajudem a manter a disciplina. Por exemplo, o método 50-30-20 é um dos mais utilizados. Ele prevê o seguinte:

  • 50% da renda é para gastos essenciais. Ou seja, água, energia elétrica, supermercado, moradia, transporte, plano de saúde e mais;
  • 30% da remuneração é voltada para estilo de vida. Assim, enquadram-se a academia, os streamings, a compra de roupas, o salão de beleza etc.;
  • 20% para investimentos e pagamento de dívidas. Dessa forma, você deve quitar os débitos em aberto em primeiro lugar. Então, o resto do dinheiro deve servir para investir no Brasil e no exterior. Essa é uma boa maneira de começar a formar seu patrimônio.

5. Execução

Essa é a etapa em que você coloca em prática tudo o que verificou na sua análise. Portanto, esse é o momento em que a educação financeira terá uma real serventia. Afinal, se você entende bem esse conceito, será mais fácil manter o foco e a disciplina.

Aqui, o processo vai muito além de cortar gastos. Além de fazer isso, vale a pena procurar alternativas para ganhar mais. Por exemplo, conseguir uma vaga de tecnologia no exterior, fazer um curso para ter inglês fluente para trabalhar para uma empresa estrangeira e conseguir uma entrevista internacional.

Diferença entre gasto e investimento

Perceba que, em alguns casos, você precisa investir para ter um futuro melhor. Porém, observe que isso não é um gasto. Afinal, existem diferenças entre os conceitos. Entenda melhor o que cada um significa:

  • Gasto: é um dinheiro desembolsado que não gera retorno financeiro. Por isso, abrange custos e despesas. É o caso do pagamento da conta de água e luz;
  • Investimento: gera retorno financeiro. Portanto, esse dinheiro é desembolsado, mas não é jogado fora. Ele traz um ganho futuro. Por exemplo, um curso de idiomas. Assim, você consegue trabalhar no exterior, mesmo morando no Brasil.

O que devo fazer para ter uma boa educação financeira?

Agora que você entendeu todo o conceito de educação financeira e seus pilares, está na hora de aplicar as boas práticas. Confira quais são elas.

Conheça seus gastos

Como explicamos, você deve levantar toda a sua renda mensal e onde o dinheiro é aplicado. Some todas as quantias, mesmo o cafezinho depois do almoço. Além disso, divida em categorias. Assim, você saberá o que fazer para cortar gastos e fazer o dinheiro começar a sobrar.

Gaste menos do que ganha

Essa é a regra principal. Por isso, nunca ultrapasse 30% da sua renda com dívidas e coloque limites de gastos por categoria. Caso você tenha ultrapassado o percentual com o endividamento, a melhor saída é pagar tudo aos poucos e evitar um novo comprometimento.

Defina metas e objetivos

Os objetivos são os propósitos principais que você deseja conquistar. As metas representam o caminho para chegar até lá. Por exemplo, você pode querer um patrimônio de R$ 1 milhão. Nesse caso, algumas metas podem ser:

Lembre-se, ainda, de que os objetivos e as metas podem ter prazos variados. O período de tempo válido é o seguinte:

  • Curto prazo: de 6 meses a 1 ano;
  • Médio prazo: de 2 a 5 anos;
  • Longo prazo: de 6 a 10 anos.

Tenha em mente que saber onde se deseja chegar ajuda a manter a disciplina. Portanto, é essencial para a educação financeira.

Revise seus hábitos

Seu comportamento de consumo pode prejudicar todo o seu propósito. Portanto, reveja tudo o que você faz hoje e adote a máxima do Julius (de “Todo Mundo Odeia o Chris”): “se eu não gastar nada, o desconto é maior”. Então, evite os gastos por impulso e as compras desnecessárias.

Forme a sua reserva de emergência

A reserva de emergência é um valor destinado para imprevistos. Por isso, deve ser utilizado somente em casos extremos, como a necessidade de um tratamento médico ou em situação de desemprego.

O ideal é que a quantia economizada some cerca de 6 meses de gastos. Esse dinheiro deve estar em um investimento de alta liquidez e seguro, como o Tesouro Selic. Afinal, ele pode ser utilizado a qualquer momento.

Comece a poupar

Existem diferenças entre economizar, poupar e investir. O primeiro passo é deixar de gastar dinheiro de forma desnecessária. O segundo representa a capacidade de guardar o dinheiro economizado. Então, é o momento de aplicar o capital para que ele renda lucros.

Portanto, poupar é um passo importante para começar a movimentar seu dinheiro. Essa é a maneira que você planeja seus objetivos financeiros de longo prazo e se compromete com eles.

Compartilhe as informações sobre suas finanças

Se você mora com sua família, é importante envolver todas as pessoas no mesmo objetivo. Afinal, é inviável que uma pessoa queira economizar e os outros queiram gastar desenfreadamente. Então, converse com todos e deixe claro o que precisa ser feito. Isso ajudará a atingir seus objetivos.

Esqueça as dívidas caras

Sempre evite gastar o limite do cheque especial, entrar no rotativo do cartão de crédito ou fazer outros tipos de empréstimos caros. Busque sempre alternativas mais baratas. Se possível, não se endivide.

Dessa forma, você foge dos problemas dos juros compostos. Basicamente, você paga juros sobre juros cada vez que contrata um empréstimo ou financiamento. É isso que faz uma dívida virar uma bola de neve sem controle.

Faça cursos de Educação Financeira

Para aprender, você precisa ler sobre o assunto. Então, vale a pena fazer um curso de educação financeira. Existem várias alternativas gratuitas e pagas. Algumas delas são:

Além disso, existem vários livros de educação financeira que podem ajudar. Alguns dos mais indicados são:

  • “Pai Rico, Pai Pobre”, de Robert Kiyosaki;
  • “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos”, de Gustavo Cerbasi;
  • “Como Organizar sua Vida Financeira”, de Gustavo Cerbasi;
  • “Me Poupe”, de Nathalia Arcuri.

Invista

Se os juros compostos causam um estrago para quem se endivida, eles causam grandes benefícios para quem investe. Aqui, o foco deve ser montar uma carteira diversificada, ou seja, que contenha vários ativos diferentes.

Essa é a regra de ouro do mercado financeiro, porque diminui o risco e aumenta o retorno. Por isso, vale a pena expor o capital a diferentes mercados. Em outras palavras, a dica é investir em dólar e em outras moedas estrangeiras valorizadas perante o real.

Dessa forma, você tem a chance de aumentar a rentabilidade devido à conversão da moeda. Especialmente, se utilizar uma plataforma de transferências internacionais com as menores taxas do mercado.

Isso aumenta o seu patrimônio e serve até como hedge, isto é, proteção para o seu dinheiro. Afinal, historicamente, o dólar é mais valorizado do que o real. Portanto, em situações de crise, tende a ser uma boa ideia manter seu dinheiro em investimentos atrelados a essa moeda.

Agora, você entendeu que a educação financeira abrange desde a capacidade de economizar até saber como investir.

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