O que é inflação e como ela afeta o seu dia a dia

Por:
Caio Fasanella
1/3/2024
|
Atualizado em
29/2/2024
15 min de leitura

Ao assistir ao jornal, é provável que você ouça o termo inflação com bastante frequência. Esse é um fenômeno econômico que representa o aumento generalizado de preços — por isso, o valor do IPCA tem um grande impacto na sua vida.

Também há impactos nos investimentos, principalmente, da renda fixa, como no Tesouro Direto. Para isso, é importante entender o conceito, suas implicações e como interfere na sua saúde financeira. É o que vamos explicar neste post.

O que é inflação?

A inflação é o aumento generalizado de preços de produtos e serviços. Ela é medida oficialmente pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e mostra a perda de valor do dinheiro. Ou seja, a mesma quantia que antes adquiria 10 itens passa a comprar uma quantidade menor.

Esse cenário foi verificado tanto nos anos 1980 e 1990 quanto durante a pandemia de coronavírus. No entanto, essa elevação ocorre ao longo do tempo e pode ser vista em diferentes situações.

Por exemplo, em 2012, era possível adquirir 20 litros de leite longa vida com R$ 50. Isso porque a média do preço do leite era de R$ 2,45. Em 2022, você conseguia comprar somente 9 litros de leite com a mesma quantia, porque a média de preços havia aumentado para R$ 5,31.

Isso também acontece com as carnes, os laticínios, as verduras etc. E pode ser uma situação causada por diferentes fatores, como uma queda na produção, o excesso (que faz os produtores exportarem ou jogarem fora), o preço do petróleo e outros.

De qualquer forma, a verdade é que a inflação hoje impacta o seu bolso. Ao mesmo tempo, interfere nos seus investimentos e na contratação das linhas de crédito.

Isso porque, quanto mais alto é o IPCA, menor tende a ser o ganho real das aplicações financeiras. Ou seja, a rentabilidade obtida continua sendo igual, mas a inflação corroi os seus rendimentos. Então, o dinheiro vale menos.

Quanto às linhas de crédito, é preciso entender que o aumento da inflação causa a elevação da taxa básica de juros, a Selic. Ela busca controlar a alta do IPCA para evitar um impacto muito grande no consumo.

No entanto, o crescimento da Selic faz com que empréstimos e financiamentos fiquem mais caros. Com isso, empresas e pessoas físicas podem ter dificuldades para conseguir crédito.

Reflexos da inflação na economia

  • O consumo diminui devido ao aumento dos preços de produtos e serviços
  • A indústria para de crescer por causa da dificuldade de conseguir crédito
  • As pessoas tendem a ficar mais endividadas, porque precisam gastar mais para manter o padrão de vida
  • A inadimplência tende a crescer, pois há problemas para pagar os débitos em aberto. Ou seja, as pessoas priorizam as contas básicas
  • O nível de desemprego pode aumentar devido às dificuldades da economia
  • Os investimentos podem ter o rendimento reduzido, pois a inflação corroi os ganhos

Inflação x IPCA x INPC

O índice oficial da inflação é o IPCA. No entanto, existem outros indicadores. Um dos principais é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que analisa a variação de preços de uma cesta específica de produtos e serviços.

O cálculo é feito pelo IBGE e a divulgação do resultado é mensal. Várias categorias são consideradas nessa contabilização, como habitação, vestuário, alimentos e bebidas, despesas pessoais etc.

Cada uma delas tem um peso diferente, conforme a frequência de uso por parte dos brasileiros. Isso faz com que ele reflita melhor o impacto dos preços na vida das pessoas, principalmente de quem ganha até 5 salários mínimos.

Esse é um fator relevante e faz com que o INPC acumulado tenha uma grande utilidade, mesmo com o IPCA sendo o indicador oficial.

Inflação e investimentos

A inflação impacta os investimentos por corroer a rentabilidade. Os ganhos reais caem, porque o dinheiro perde valor ao longo do tempo.

Ainda tem a Selic. Como explicamos, o aumento da taxa básica de juros é um instrumento de política monetária que visa ao controle da inflação.

O processo funciona da seguinte forma: o crescimento da inflação hoje tende a ocorrer devido ao alto consumo. Nesse cenário, o Comitê de Política Monetária (Copom), que integra a estrutura do Banco Central (Bacen), aumenta a Selic.

O objetivo é frear o consumo, deixando as linhas de crédito mais caras. A inflação tende a diminuir como consequência. Ficou mais clara essa relação?

A questão é que a Selic interfere nos investimentos, principalmente os da renda fixa. O Tesouro Selic e o Certificado de Depósito Bancário (CDB), por exemplo, sofrem interferência da taxa básica de juros.

De modo geral, quanto mais alta ela estiver, mais elevados são os ganhos dos investidores. Para ter uma ideia, o Tesouro Selic foi o título com maior rentabilidade em 2022, chegando a 12,76%.

Até mesmo o rendimento da poupança foi positivo. Em 2022, a rentabilidade foi de 7,14%.

Por meio dessa explicação, começa a ficar evidente o que é inflação e por que ela é tão importante para sua vida. Ainda tem mais.

Inflação hoje: como estamos?

A inflação hoje, em 2023, está em  um começo de queda. Desde 2020, ela vem em um cenário de alta, que começou a ser controlado em 2022. Tanto é que, em junho de 2023, o IPCA acumulado de 12 meses foi de 3,16%. No mesmo mês, o resultado foi uma retração de 0,08%. Já o INPC sofreu uma queda de 0,10%.

Esses resultados são positivos, já que a pandemia do coronavírus causou um empobrecimento da população. Isso pode ser confirmado por números.

Inflação 2019-2022

  1. 2019: alta de 4,31%
  2. 2020: 4,52% no acumulado anual
  3. 2021: elevação de 10,06%
  4. 2022: crescimento de 5,79%
  5. 2023, até junho: alta de 3,16%

Perceba que a pandemia teve um impacto maior em 2021, quando ocorreram vários picos e a produção industrial estava parada há diversos meses. Com a retomada da economia, a situação voltou a melhorar, mas ainda exige controle.

Especialmente, porque a economia brasileira sofreu diferentes impactos. Por exemplo, em julho de 2022, o Brasil voltou ao Mapa da Fome das Nações Unidas por ter mais de 2,5% da população com falta crônica de alimentos.

Segundo o levantamento da ONU, 4,1% da população está nessa situação. Entre 2019 e 2021, 61 milhões de pessoas passaram a ter dificuldades para comer, sendo que 15 milhões passam fome. Esse é um dos reflexos do aumento generalizado de preços.

Ao mesmo tempo, cresceu o endividamento e a inadimplência. Essa situação persiste em 2023, sendo que uma pesquisa sobre o assunto, a Peic, indicou que 78,5% das famílias estavam com dívidas, em dia ou atrasadas, em junho.

Quando se considera a inadimplência, o índice foi de 29,2%. Ou seja, de cada 10 pessoas, quase 8 estão endividadas e praticamente 3 estão com débitos já vencidos e atrasados, correndo o risco de terem seu CPF negativado.

Como a inflação impacta sua vida?

A inflação impacta sua vida por diminuir o seu poder de compra e fazer seu dinheiro valer menos. Isso influencia a vida de todos, especialmente das pessoas com menor poder aquisitivo. Ainda assim, quem ganha melhor precisa se ajustar à nova realidade e fazer o orçamento se encaixar nesse cenário.

Ou seja, você precisa de mais dinheiro para comprar os mesmos produtos e serviços. Seu salário permanece igual, mas rende menos e, com isso, diminui-se o consumo.

Outro impacto é a transferência de renda entre os setores econômicos. Isso fica claro por meio de um exemplo. Digamos que você paga um empréstimo e o cartão de crédito, além das contas básicas e das compras diárias.

Com o aumento da inflação, você começa a gastar menos para tentar ajustar o orçamento. Se não conseguir, vai ter que escolher o que pagar. E é nesse momento que o empréstimo e o cartão de crédito podem ficar para segundo plano, por exemplo.

Isso porque o custo de vida aumenta, então, é necessário priorizar. Essa situação também reduz as operações feitas no exterior, sejam viagens, sejam compras de produtos e serviços.

Inclusive, o IOF sobre compra internacional pode aumentar para que o consumo seja desestimulado. Essa também é uma alternativa para controlar a inflação.

Como se proteger da inflação?

Para se proteger da inflação, o recomendado é investir seu dinheiro no Brasil e, especialmente, no exterior. Ao aplicar seu capital em dólar ou em moedas de outras economias estáveis, você tem chance de fazer hedge, evitando perdas devido a crises internas.

O termo hedge é, justamente, a proteção do seu capital. Uma das formas de fazer isso é com o câmbio. Ainda existem outros investimentos possíveis.

Investimentos para se proteger da inflação

  1. Tesouro Direto, isto é, títulos públicos. Para se proteger da inflação, o ideal é o Tesouro IPCA+, que rende o indicador mais um percentual fixo
  2. Títulos privados, como CDBs, Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs) etc. Eles podem ser vinculados ao IPCA e representar boas alternativas
  3. Fundos de investimento, desde que estejam atrelados ao IPCA
  4. Fundos imobiliários vinculados ao IPCA ou ao IGP-M (outro índice inflacionário)
  5. Produtos da renda variável, quando o investimento é reajustado conforme a inflação
  6. Câmbio no exterior, já que investir em dólar permite proteger o seu capital e ganhar mais

Todas essas opções conseguem repor a inflação, sendo boas alternativas de investimento. No caso das aplicações financeiras no exterior, vale a pena contar com uma conta global, como a da Nomad.

Com ela, você investe, consegue se proteger da inflação e ainda faz seu dinheiro render ao aplicá-lo nos EUA. Assim fica muito mais fácil, concorda?

Agora que você viu todo esse contexto, que tal se aprofundar? Descubra tudo sobre o que é IPCA e qual a importância dele na economia.

Compartilhe: