Como funciona a cotação do dólar? Entenda o preço da moeda

Por:
Eduardo Sena
6/12/2024
|
Atualizado em
6/12/2024
15 min de leitura

Tem certos termos que fazem parte do nosso dia a dia, mas nem sempre entendemos como eles podem impactar a nossa vida. Você já parou para pensar no que significa a cotação do dólar? Como os altos e baixos da moeda mais importante do mundo são causados e que impacto podem ter no seu dia a dia?

O que define o sobe e desce do dólar norte-americano são uma série de fatores e personagens diferentes, cada um com seu devido impacto.  Por isso, entender o funcionamento desse sistema também te permite ter mais compreensão sobre o cenário econômico global e tomar decisões de investimentos mais acertadas. Vamos entender o que está por trás da cotação do dólar?

Como funciona a cotação do dólar?

A cotação do dólar norte-americano é influenciada por diversos fatores políticos e econômicos. E esse sobe-e-desce da moeda acaba sendo uma consequência desses arranjos de grandes proporções. 

Vale a pena lembrar: o dólar norte-americano é uma moeda de valor e impacto mundial, então a valorização ou desvalorização do dólar é um indicativo de como o mercado se comporta diante de alguma situação.

Termos básicos que você precisa entender 

Dólar comercial e dólar turismo: o dólar comercial se refere ao preço do dólar praticado pelo mercado. Já o turismo é o preço que pagamos quando adquirimos dólares em casas de câmbio e corretoras: é um valor maior se comparado com o dólar comercial porque é necessário um adicional para compensar os serviços prestados pela aquisição e serviço dos dólares. 

Sistema de câmbio (ou regime cambial): é um sistema de regras que determina como a troca de moedas vai acontecer entre países. Essa regulação acontece entre as autoridades monetárias de cada local; no Brasil, essa função fica com o Banco Central.  

Oferta e demanda: indicam o quanto um produto ou ativo é desejado. Se tem muita procura por esse produto (demanda), e a oferta dá conta, seu preço tende a baixar porque esse bem ainda é acessível. No sentido inverso, se a oferta não dá conta da demanda, o preço para adquirir aquele bem ou produto aumenta. 

Em resumo: quanto mais dólares circulando, menos caro ele fica. Menos dólares no mercado, mais caro é adquirir a moeda.

O Brasil e o sistema de câmbio flutuante

Desde 1999, o Brasil opera pelo regime de câmbio flutuante. Na teoria, isso significa que o preço do dólar é muito mais determinado por fatores de mercado, sem tanta influência direta do Banco Central.

O que acontece, na realidade, é que esse modelo de câmbio flutuante é conhecido como "sujo": isso porque há, sim, movimentações e influência do Banco Central (BC) para regular um pouco o preço do dólar em comparação ao real brasileiro.

O papel do BC 

Na prática: quando a demanda por dólares norte-americanos aumenta, o BC disponibiliza e vende dólares no mercado. Com isso, a oferta de dólares fica mais ampla, o preço do dólar cai, e essa diminuição na taxa de câmbio entre real e dólar diminui.

O inverso também acontece – quando entram investimentos em dólares no Brasil, o BC pode comprar dólares e também injetar mais reais na economia. O resultado disso é que a taxa de câmbio (a diferença entre o preço do dólar e do real) não cai tanto e o dólar pode ficar com o preço mais alto do que em comparação ao que foi ajustado pelo mercado externo.

Vale pontuar que o dólar em alta beneficia alguns setores da economia: no caso do Brasil, podemos citar o exemplo da produção de café e soja, que são commodities muito exportadas. Negociar essas exportações com o dólar em alta, nesse caso, é algo positivo.

Leitura recomendada: Como comprar dólar online e economizar em viagens e compras

Quem determina a cotação do dólar?

A conexão entre diferentes elementos acaba influenciando no valor do dólar. Vamos entender os papéis de cada um?

Diferença entre preço do dólar e do real 

O Banco Central, autoridade máxima em relação às decisões cambiais do país, pode injetar mais dólares no mercado interno brasileiro quando for interessante ter uma oferta maior de dólares e isso for causar uma diminuição na diferença de preço entre dólar e real. 

O BC pode comprar mais dólares, reduzindo a circulação da moeda no mercado interno. Com isso, faz circular mais reais, e acaba causando um aumento no preço do dólar justamente por ter menos disponíveis no mercado. Essa estratégia é positiva para setores que se beneficiam do dólar mais alto em relação ao valor do mercado externo.

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Fatores que influenciam a cotação do dólar

A combinação de todos esses elementos se relaciona com a valorização do dólar e, consequentemente, influencia no valor da cotação da moeda.

Entenda o conceito e as operações por trás desses elementos para, ao final, saber o resultado dessa união.

Taxas de juros 

As taxas de juros indicam o retorno financeiro pago para pessoas que investem em uma instituição. Essas pessoas são chamadas investidoras.

Quando uma investidora coloca seu dinheiro em uma instituição tomadora (seja um banco, títulos de governo, ações de empresa, etc.), esse dinheiro será usado para sustentar outras operações oferecidas.

Vamos a um exemplo simples.

Uma investidora injetou R$ 1.000 para uma tomadora. A tomadora fala para uma devedora  que pode dar R$ 1.000 para sua dívida, mas isso vai custar R$ 1.200 (um extra pela taxa de serviço de usar o dinheiro da tomadora).

Vemos que a pessoa devedora vai pagar um valor além do que recebeu da tomadora do investimento justamente por usufruir deste serviço oferecido pela tomadora do investimento.

Essa diferença entre o que foi oferecido pela tomadora, pago pela devedora, e a “sobra” dessa operação vira a taxa de juros.

Resumindo: a taxa de juros é o retorno entre o que foi oferecido primeiramente pelo investidor, foi usado por um devedor que negociou com a tomadora do investimento, e o valor efetivamente pago pela devedora.

Recomendação de leitura: Como receber em dólar?

Fatores políticos

Economias em crise ou em cenários instáveis não são do agrado de investidores: isso vale tanto para cenários drásticos, como uma guerra entre países, quanto para crises envolvendo grandes empresas.

Isso porque a economia daquele país pode ficar desestabilizada, acabar gerando grandes dívidas, e os investimentos feitos não vão render ao agrado de quem investiu e quer ver seu dinheiro render ao invés de diminuir.

Inflação

Sabemos que governos têm metas de inflação para cumprir, e o atingimento (ou não) dessas metas indicam também a eficácia de planejamento e políticas monetárias daquele país.

Nesse caso, a inflação pode aumentar para que o poder de compra da população diminua, a necessidade de empréstimos aumente, e o retorno gerado entre investidores e tomadores de investimento aumente. Em momentos de alta da inflação, investidores ficam mais estimulados a investir naquele país.

Cenário inverso: a diminuição da inflação significa que o preço dos produtos fica mais acessível. Com isso, a população tem seu poder de compra preservado e a economia do país é mais facilmente movimentada sem tanta necessidade de empréstimos.

Turismo internacional

Usando o Brasil de exemplo: se temos muitos turistas brasileiros viajando por aí, a demanda por dólares aumenta porque os viajantes vão precisar dessa moeda para pagar suas contas. Aumento da demanda, como vimos, sinaliza aumento do preço do dólar.

Porém, quando temos muitas pessoas visitando o Brasil e fazendo circular mais reais no mercado interno, acontece uma valorização do real. Com isso, a diferença entre o preço do dólar e real diminui.

Resumindo os elementos que influenciam na cotação do dólar

Depois de tanto conceito, um apanhado geral: a desconfiança de investidores na situação macroeconômica e política de um país pode significar retirada de investimentos desse cenário instável e substituição por outros que apresentam mais solidez.

Com isso, menos dólares circulam na economia e nas empresas que se beneficiam dessa troca entre investidores e pessoas que precisam desses investimentos (ou seja, que aproveitam a taxa de juros).

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Neste artigo, você descobriu como diferentes condições e decisões de agentes econômicos podem influenciar a cotação do dólar. Fatores como a confiança em um mercado ou o cenário geopolítico podem afetar a decisão de manter o dinheiro naquele país ou instituição, alterando a circulação de dólares no mercado, impactando o preço da moeda.

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