O que é taxa de juros? Conheça os tipos e como ela funciona

Por:
Caio Fasanella
22/11/2024
|
Atualizado em
4/9/2024
15 min de leitura

Elemento básico da nossa economia, a taxa de juros desempenha um papel fundamental na nossa rotina, principalmente quando se fala de investimentos. Além disso, a taxa de juros afeta empréstimos, cartão de crédito, preço de itens básicos, inflação e muito mais.

Mas como a taxa de juros é calculada? E quais são os tipos que você precisa conhecer para tomar decisões financeiras mais assertivas? Confira abaixo cada tipo de taxa de juros e como calcular de forma simples.

O que é taxa de juros?

A taxa de juros é uma remuneração adicional para pessoas físicas e jurídicas que realizam ou pagam um empréstimo. Em essência, representa o valor que pagamos para utilizar o dinheiro de outra pessoa ou instituição por um determinado período, como se fosse um aluguel pelo uso do dinheiro.

Por exemplo, imagine que você precisa fazer um empréstimo em um banco, com prazo de dois anos para quitar a dívida. Em troca do dinheiro disponibilizado imediatamente, o banco cobra juros em cima do valor emprestado. Ou seja, você paga no final o valor que pegou emprestado mais uma porcentagem de juros, que costuma ser bem alta neste caso.

Mas, se você for realizar um investimento, como por exemplo CDB do mesmo banco, você terá direito a receber ao vencimento o valor investido também acrescido de juros, que é informado no momento da contratação, assim como a data final para a remuneração.

Mas como essa taxa de juros é definida? Diversos fatores influenciam a porcentagem de juros vigente. A começar pela política monetária do Banco Central, que através da taxa Selic, tem o poder de influenciar as demais taxas de juros da nossa economia. Por exemplo, juros de empréstimos bancários são atrelados à Selic. Mas calma que ainda vamos explicar melhor esse ponto!

Como calcular uma taxa de juros simples e composto?

Como podemos entender até aqui, a taxa de juros é um fator crucial em qualquer operação financeira, seja um empréstimo, um financiamento ou um investimento. Ela determina o valor adicional que será pago ou recebido além do valor principal. 

Dentro dessas transações existem dois regimes principais de capitalização de juros: o simples e o composto.

Como calcular juros simples?

No regime de juros simples, os juros são calculados sempre sobre o valor principal (valor inicial do empréstimo ou investimento), mantendo-se constantes ao longo do tempo. Apesar de ser um cálculo mais simples, ele é menos comum no mercado financeiro atual, sendo mais utilizado em operações de curto prazo ou em situações específicas.

Para calcular juros simples, é utilizada a fórmula J = C * i * t, sendo:

  • J = juros;
  • C = capital inicial (valor do empréstimo ou investimento);
  • i = taxa de juros (expressa em decimal);
  • t = tempo (em anos, meses ou dias, dependendo da taxa de juros).

Por exemplo, imagine que você pegou um empréstimo de R$ 5.000 a uma taxa de juros simples de 2% ao mês, com prazo de 6 meses para pagamento. Vamos calcular o valor dos juros a serem pagos:

  • C = R$ 5.000,00
  • i = 2% ao mês = 0,02
  • t = 6 meses

Aplicando na fórmula:

  • J = 5.000 * 0,02 * 6 = R$ 600,00

Portanto, ao final dos 6 meses, você deverá pagar ao banco o valor principal (R$ 5.000,00) mais os juros (R$ 600,00), totalizando R$ 5.600,00.

Como calcular juros compostos?

Já o regime de juros compostos é o mais comum no mercado financeiro e também o que mais tem impacto na  nossa vida financeira; é utilizado em financiamentos, empréstimos, investimentos e até mesmo no crédito rotativo do cartão de crédito. 

Nesse sistema, os juros de cada período são incorporados ao capital, e no período seguinte, os juros incidem sobre esse novo valor (capital + juros do período anterior). É o famoso "juros sobre juros", que faz seu dinheiro crescer exponencialmente ao longo do tempo, mas também pode aumentar consideravelmente o valor de uma dívida se não for bem gerenciada.

Sua fórmula é mais complexa, M = C * (1 + i) ^ t, sendo:

  • M = montante final (capital + juros);
  • C = capital inicial (valor do empréstimo ou investimento);
  • i = taxa de juros (expressa em decimal);
  • t = tempo (em períodos de capitalização, que podem ser anos, meses ou dias, dependendo da taxa de juros).

Para exemplificar melhor, vamos usar o mesmo exemplo do empréstimo de R$ 5.000, mas agora com juros compostos de 2% ao mês, por 6 meses.

Aplicando a fórmula, temos M = 5.000 * (1 + 0,02) ^ 6 = R$ 5.630,81.

Assim, vemos que com os juros compostos, o valor final a ser pago é maior (R$ 5.630,81) do que com os juros simples (R$ 5.600), mesmo com a mesma taxa de juros e o mesmo prazo.

Afinal, a cada mês, os juros são calculados sobre um montante cada vez maior, incluindo os juros acumulados nos meses anteriores. Essa característica dos juros compostos é muito boa para investimento, mas também perigosa para as dívidas.

Taxa Selic e sua influência na taxa de juros

Tanto juros simples quanto o composto tem como referência a principal taxa de juros do Brasil, a Selic. 

A Selic representa a taxa média de juros dos empréstimos de curtíssimo prazo (um dia) que os bancos fazem entre si, utilizando títulos públicos federais como garantia. Essa taxa é variável, pois depende da oferta e demanda por empréstimos no mercado interbancário. 

No entanto, o Banco Central estabelece uma meta para a Selic, que é revisada a cada 45 dias em reuniões do Copom, o Conselho de Política Monetária. O Banco Central também atua no mercado comprando ou vendendo títulos públicos para influenciar a taxa Selic e fazê-la convergir para a meta definida. Ao fazer isso, o Banco Central controla a quantidade de dinheiro em circulação na economia, o que impacta diretamente a inflação.

As variações na taxa Selic têm um efeito dominó em toda a economia, influenciando desde o custo do crédito até o consumo e os investimentos.

Quando a Selic está em alta, temos como principais efeitos:

  • As taxas de juros de empréstimos e financiamentos também tendem a aumentar, tornando o crédito mais caro e menos acessível;
  • Os investimentos de renda fixa se tornam mais atrativos, pois oferecem rendimentos maiores;
  • O consumo e a tomada de crédito diminuem, o que pode levar a uma desaceleração da economia;
  • A inflação tende a ser controlada, já que a demanda por bens e serviços diminui.

E quando a Selic está em queda, a tendência é que:

  • As taxas de juros de empréstimos e financiamentos tendem a diminuir, tornando o crédito mais barato e acessível;
  • Os investimentos de renda fixa se tornam menos atrativos, pois oferecem rendimentos menores;
  • O consumo e a tomada de crédito aumentam, o que pode estimular a economia;
  • A inflação pode aumentar, caso a demanda por bens e serviços cresça mais rápido do que a capacidade da economia de produzir esses bens e serviços.

Quais são os outros principais tipos de juros?

Além da taxa de juros simples e composta, que são influenciadas pela Selic, existem diversos tipos de juros que podem impactar suas finanças. Veja as principais:

1. Juros de mora

Os juros de mora são encargos financeiros cobrados quando há atraso no pagamento de uma dívida ou obrigação. Funcionam como uma penalidade e uma forma de incentivo para o cumprimento dos prazos e caso ocorra algum atraso, serve para compensar o credor.

Sua aplicação é determinada por contrato ou por lei, e a taxa costuma ser mais alta do que a taxa de juros normal da operação.

2. Juros nominais

Os juros nominais são as taxas definidas em contrato, sem considerar os efeitos da inflação. É o valor que você vê anunciado em ofertas de crédito ou investimentos.

Embora sejam importantes para entender o custo ou retorno inicial de uma operação, não refletem o ganho ou perda real de poder de compra ao longo do tempo. Para isso, é preciso considerar os juros reais.

3. Juros reais

Os juros reais são a taxa de juros ajustada pela inflação, representando o ganho ou perda efetiva de poder de compra. Eles indicam o retorno real de um investimento ou o custo real de um empréstimo, após descontar o impacto da inflação.

Essa taxa é fundamental para avaliar a rentabilidade real de seus investimentos e o custo efetivo de um empréstimo, permitindo tomar decisões financeiras mais conscientes e estratégicas.

4. Juros rotativos

Os juros rotativos são cobrados quando há atraso no pagamento total da fatura do cartão de crédito. São uma das modalidades de crédito mais caras do mercado, com taxas de juros extremamente elevadas.

É crucial evitar o uso do crédito rotativo, pois ele pode levar ao endividamento e comprometer seriamente suas finanças. Priorize o pagamento integral da fatura do cartão e, se precisar de crédito, busque opções mais baratas, como empréstimos pessoais ou consignados.

5. Juros sobre capital próprio

Os juros sobre capital próprio (JCP) são uma forma de remuneração aos acionistas de uma empresa, calculada com base nos lucros da companhia. Em vez de distribuir todo o lucro na forma de dividendos, a empresa pode optar por pagar parte dele como JCP.

Essa modalidade de remuneração oferece vantagens fiscais tanto para a empresa quanto para o acionista, mas é importante entender suas particularidades e como ela impacta seus investimentos em ações.

6. Juros futuros

Os juros futuros são taxas de juros negociadas no mercado financeiro para contratos que serão liquidados em uma data futura. Eles refletem as expectativas do mercado em relação à evolução das taxas de juros ao longo do tempo.

Investidores utilizam os juros futuros para se proteger contra flutuações nas taxas de juros, especular sobre movimentos futuros do mercado, ou precificar instrumentos financeiros que têm seus retornos vinculados às taxas de juros, como contratos de renda fixa.

Como as taxas de juros afetam seus investimentos?

Como podemos ver, as taxas de juros afetam diretamente nosso cotidiano, principalmente investimentos de renda fixa. Isso ocorre porque os investimentos de renda fixa funcionam como empréstimos, nos quais o investidor empresta dinheiro para o emissor do título (governo, bancos ou empresas) em troca de uma remuneração, que é a taxa de juros.

Quando investimos em renda fixa, basicamente compramos títulos que são remunerados com juros. Quem precisa de recursos emite títulos que são comprados pelos investidores. Em troca, o título garante ao investidor o direito de receber seu dinheiro de volta com juros, em condições previamente acordadas.

Existem dois tipos principais de títulos de renda fixa:

  • Títulos Públicos: Emitidos pelo Tesouro Nacional, representam empréstimos feitos ao governo federal. São considerados investimentos de baixo risco, pois o governo tem baixa probabilidade de não honrar com suas dívidas;
  • Títulos Privados: Emitidos por bancos e empresas, como CDBs, LCI, LCA e debêntures, que são utilizados para captar recursos para financiar suas atividades. O risco desses títulos varia de acordo com a solidez financeira do emissor.

Quando as taxas de juros sobem, os rendimentos desses investimentos também tendem a aumentar, a fim de atrair investidores. Por outro lado, quando as taxas de juros caem, a rentabilidade dos investimentos em renda fixa tende a diminuir.

Se você está em dúvida de como começar e como escolher os títulos mais atrativos em relação à taxa de juros, aproveite e confira nosso guia completo de como começar a investir e escolher os melhores ativos para o seu portfólio!

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