Existe um fenômeno curioso documentado pela medicina chamado "Síndrome de Stendhal". Trata-se de uma aceleração cardíaca, tontura e até alucinações causadas pela exposição a uma overdose de beleza artística. O local onde isso mais acontece? Florença, na Itália.
Berço do Renascimento, lar dos Médici e palco onde gênios como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Dante Alighieri e Galileu Galilei mudaram a história da humanidade, Florença (ou Firenze, para os íntimos) é um verdadeiro museu a céu aberto.
Mas não se engane achando que a capital da Toscana vive apenas de passado. É uma cidade vibrante, elegante e cheia de vida, onde a alta costura divide espaço com oficinas de artesãos centenários e onde a gastronomia é levada tão a sério quanto a arte.
Se você está planejando sua viagem para a Itália, este guia é o seu ponto de partida. Vamos desvendar como chegar a Florença, onde se hospedar para viver a melhor experiência, quais pratos provar e como montar roteiros práticos de 1 a 5 dias. Andiamo?
Onde fica Florença e qual a melhor época para visitar
Florença está localizada no coração da "bota", na região central da Itália conhecida como Toscana. Cortada pelo Rio Arno e cercada por colinas de ciprestes e vinhedos, a cidade tem uma posição estratégica que a torna o ponto de base perfeito para explorar o país, ficando a meio caminho entre Roma e Milão.
Quando ir?
A escolha da data pode definir o tom da sua viagem:
- Primavera (abril a junho) e outono (setembro e outubro): São, sem dúvida, as melhores épocas. O clima é ameno, as cores da cidade estão vibrantes e, embora movimentada, a cidade é mais "respirável" do que no verão.
- Verão (julho e agosto): Prepare-se para o calor intenso e multidões. É a alta temporada europeia, o que significa filas maiores e preços mais elevados. Se for nessa época, reserve tudo com meses de antecedência.
- Inverno (novembro a março): Faz frio e chove mais, mas a cidade ganha um charme melancólico e especial. É a época ideal para quem quer fugir das massas e visitar museus com calma (e preços de hospedagem mais baixos).
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Como chegar a Florença
Para brasileiros, chegar à Toscana exige pelo menos uma conexão, já que não há voos diretos do Brasil para o Aeroporto de Florença (Amerigo Vespucci - FLR).
De avião
A rota mais comum envolve voar do Brasil para grandes hubs europeus, como Roma, Milão, Lisboa, Frankfurt ou Paris, e de lá pegar um voo de conexão ou um trem. O Aeroporto Amerigo Vespucci (Peretola) é pequeno e fica a apenas 4 km do centro.
A maneira mais fácil e barata de sair de lá é pegar o Tramvia T2 (bonde elétrico), que deixa você na estação central de trens em cerca de 20 minutos por um custo muito baixo. Táxis têm tarifa fixa para o centro (aproximadamente €22, mais taxas de bagagem).
De trem (a melhor opção)
Se você já estiver na Europa, o trem é imbatível. A estação principal, Santa Maria Novella (SMN), fica no coração da cidade.
- De Roma: Os trens de alta velocidade (Frecciarossa ou Italo) levam apenas 1h30.
- De Milão: A viagem dura cerca de 1h40.
- De Veneza: Cerca de 2h15.
Como se locomover: atenção à ZTL
Florença é uma cidade feita para ser descoberta a pé. O centro histórico é compacto e a maioria das atrações fica a uma curta caminhada de distância uma da outra.
Alerta importante para quem aluga carro: Se você alugar um carro para explorar a Toscana, muito cuidado ao entrar em Florença. O centro é uma ZTL (Zona a Traffico Limitato). Apenas moradores e veículos autorizados podem circular. As câmeras estão por toda parte e as multas são pesadas (e chegam no Brasil meses depois).
Se estiver de carro, procure estacionamentos fora da ZTL ou garanta que seu hotel registre a placa do veículo junto às autoridades para permitir o acesso temporário (apenas para check-in/out).
Para distâncias maiores, o sistema de ônibus (ATAF) e o Tramvia funcionam muito bem. Lembre-se sempre de validar o bilhete ao entrar para evitar multas.
Onde ficar em Florença: melhores bairros e hotéis
Escolher onde ficar em Florença é estratégico. Cada bairro oferece uma atmosfera diferente. Para te ajudar, selecionamos as melhores regiões e sugestões de hotéis para diferentes perfis.
1. Centro Histórico (Duomo e Piazza della Signoria)
É o coração pulsante. Fique aqui se você quer acordar e dar de cara com a Catedral ou estar a passos da Galeria Uffizi. É a área mais cara e movimentada.
- Luxo: Hotel Bernini Palace – Um palácio do século XV com decoração clássica fiorentina.
- Conforto: Hotel Spadai – Moderno, ao lado do Duomo e com excelente café da manhã.
- Econômico: Hotel Costantini – Simples, limpo e com localização imbatível.
2. Santa Maria Novella
A região ao redor da estação de trem. Prática para quem planeja muitos bate-voltas ou chega tarde com malas. Foi revitalizada e tem ótimas opções.
- Luxo: The Place Firenze – Sofisticação discreta em uma praça tranquila.
- Conforto: c-hotels Ambasciatori – Ao lado da estação, moderno e eficiente.
- Econômico: Hotel Delle Nazioni – Bom custo-benefício para quem prioriza a logística.
3. Oltrarno (Santo Spirito e San Frediano)
O "outro lado do Arno". É o bairro mais cool e autêntico, cheio de ateliês de artesãos, antiquários e uma vida noturna vibrante frequentada pelos locais.
- Luxo: Portrait Firenze – Propriedade da família Ferragamo, debruçado sobre o rio com vista para a Ponte Vecchio.
- Conforto: Palazzo Guadagni – Um hotel boutique em uma praça histórica, famoso pelo seu terraço (Loggia).
- Econômico: Hotel Hermitage – Design criativo e atmosfera de casa de artista.
4. Santa Croce
A leste do centro, é uma área jovem e animada, famosa pelos bares e restaurantes, mantendo a autenticidade histórica.
- Luxo: Palazzo Firenze – Elegância em um edifício do século XVIII.
- Conforto: Plaza Hotel Lucchesi – Com um rooftop incrível e piscina com vista.
- Econômico: B&B Hotel Firenze City Center – Básico, funcional e bem localizado.
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O que fazer em Florença: pontos turísticos imperdíveis
A lista de pontos turísticos de Florença é extensa, mas alguns são obrigatórios para entender a alma da cidade.
Catedral de Santa Maria del Fiore (Il Duomo)

O símbolo da cidade. A cúpula projetada por Brunelleschi desafiou a física da época e continua impressionando. A fachada em mármore branco, verde e rosa é hipnotizante. Vale a pena subir na cúpula ou no Campanário de Giotto para ver a vista.
Galleria degli Uffizi
Um dos museus mais importantes do mundo. Aqui você encontrará "O Nascimento de Vênus" e "A Primavera" de Botticelli, além de obras de Da Vinci, Michelangelo, Rafael e Caravaggio.
Dica de ouro: Compre o ingresso antecipado online. As filas podem durar horas.
Galleria dell'Accademia
A casa do David de Michelangelo. Ver a estátua original de mais de 5 metros de altura ao vivo é uma experiência indescritível. Os detalhes das veias e músculos no mármore são perfeitos.
Ponte Vecchio

A ponte mais antiga da cidade e a única poupada durante a Segunda Guerra Mundial. É famosa pelas joalherias que ocupam as casinhas suspensas sobre o rio.
Palazzo Pitti e Jardins de Boboli
Do outro lado do rio (Oltrarno), este palácio gigantesco foi a residência dos Grão-Duques da Toscana. Os Jardins de Boboli, logo atrás, são um museu de esculturas a céu aberto e um refúgio verde.
Piazzale Michelangelo

O local ideal para a foto perfeita. Esta praça fica no alto de uma colina e oferece a vista panorâmica mais famosa de Florença. Vá no pôr do sol, leve um vinho e aproveite o espetáculo.
Roteiros de viagem: de 1 a 5 dias
Para otimizar seu tempo, sugerimos itinerários que agrupam atrações próximas.
Roteiro de 1 Dia: O Essencial
Se você tem pouco tempo (um bate-volta de Roma, por exemplo), foque no eixo central.
- Manhã: Piazza del Duomo (Catedral e Batistério) e caminhada pela Via dei Calzaiuoli até a Piazza della Signoria.
- Tarde: Atravesse a Ponte Vecchio, tome um gelato e termine o dia vendo o pôr do sol na Piazzale Michelangelo.
Roteiro de 2 a 3 Dias: Imersão na Arte
Com mais tempo, inclua os museus.
- Dia 1: Igual ao roteiro de 1 dia.
- Dia 2: Manhã na Galleria dell'Accademia (David). Tarde na Galleria degli Uffizi. Noite em Santa Croce.
- Dia 3: Explore o Oltrarno. Visite o Palazzo Pitti, relaxe nos Jardins de Boboli e descubra as oficinas de artesãos locais.
Roteiro de 4 a 5 Dias: Aprofundamento e Toscana
Aproveite para viver a cidade como um local e explorar os arredores.
- Dia 4: Mercato Centrale (para comer) e Capela dos Médici. Tarde livre para compras.
- Dia 5: Faça um bate-volta para uma cidade vizinha (veja abaixo).
Bate-volta na Toscana: o que visitar perto de Florença
Florença é o hub perfeito para passeios de um dia:
- Pisa (1h de trem): Vá para ver a icônica Torre Inclinada e a Piazza dei Miracoli. Meio dia é suficiente.
- Siena (1h30 de ônibus ou trem): A eterna rival de Florença. Uma cidade medieval perfeitamente preservada, famosa pela Piazza del Campo e sua catedral deslumbrante.
- San Gimignano (1h30 de ônibus/carro): Conhecida como a "Manhattan Medieval" por suas 14 torres de pedra que sobreviveram ao tempo.
- Região de Chianti: Alugue um carro ou contrate um tour para percorrer a estrada Chiantigiana (SR222), visitando vinícolas e provando alguns dos melhores vinhos do mundo diretamente na fonte.
Gastronomia: onde comer e o que provar
Comer em Florença é coisa séria. Esqueça a dieta e entregue-se aos sabores intensos da Toscana.
- Bistecca alla Fiorentina: O prato rei. Um corte alto de carne bovina (T-bone), grelhado na brasa e servido malpassado. Restaurantes como Trattoria ZaZa ou Buca Lapi são famosos por isso.
- Lampredotto: A comida de rua oficial. É um sanduíche feito com o estômago do boi (dobradinha), cozido em caldo e servido com molho verde. Prove nos quiosques espalhados pela cidade.
- Pappa al Pomodoro: Uma sopa rústica e deliciosa feita com pão toscano (sem sal), tomate, alho e azeite.
- Gelato: Dizem que o sorvete foi inventado aqui. Não deixe de provar o da Gelateria La Carraia ou o da Vivoli.
- Mercado Central: No primeiro andar do mercado histórico, há uma praça de alimentação gourmet incrível para provar de tudo um pouco, de massas frescas a trufas negras.
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