O que é spread bancário? Saiba como funciona e como calcular!

Por:
Eduardo Sena
22/11/2024
|
Atualizado em
13/12/2023
15 min de leitura

Certos termos financeiros podem causar bastante dúvida em quem não possui familiaridade com transações bancárias. O spread bancário é um deles! Já ouviu falar nesse assunto? Ele está diretamente relacionado com juros e pode ser uma dor de cabeça para muitas pessoas que, em algum momento, vão precisar de crédito.

Mesmo que essa não seja a sua situação, é interessante conhecer mais sobre este conceito e entender a importância que ele possui para a economia. Afinal, é uma operação muito comum e presente no dia-a-dia, e um ponto de atenção para quem se preocupa com a sua gestão financeira. 

Continue a leitura e se informe um pouco mais!

O que é e como funciona o spread bancário?

O spread bancário é a diferença entre os juros que os bancos pagam quando você investe o seu dinheiro e os juros que eles cobram em um empréstimo ou financiamento. Por exemplo: 

  • Ao aplicar o seu dinheiro na poupança, você pode receber um rendimento de 8 a 10%, a depender da instituição. 
  • Quando você realiza um empréstimo no banco, os juros que são cobrados podem ser de 25% a 30%.
  • Ou seja: se o seu rendimento for de 10% e os juros do seu empréstimo for de 30%, o spread bancário é de 20%.

Historicamente, os bancos cobram juros muito altos de seus clientes e inserem diversas taxas em suas transações, que nem sempre são muito claras. Por isso mesmo, o ideal é que você esteja atento às exigências feitas durante a assinatura de um contrato ou abertura de conta.

O que interfere no cálculo do spread bancário?

Apesar da grande diferença entre os valores, existem diversos aspectos que influenciam nos juros cobrados pelos bancos e que, de certa forma, nos ajudam a entender como o cálculo do spread bancário é formado. 

Basicamente, o valor também se constitui por meio de custos embutidos, como: 

Impostos diretos

Não é novidade que o Brasil é um país com alta tributação e que operações de crédito e financiamento não passam ilesas. Aliás, os impostos influenciam diretamente no valor cobrado no spread bancário.

Dentre os que fazem parte, estão:

  • Imposto de Renda (IR)
  • Programa de Integração Social (PIS)
  • Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS)
  • Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)
  • IOF (pago diretamente pelo cliente).

Taxas administrativas 

Essas taxas se referem aos valores que os bancos cobram para garantir a operação. Segurança, agência, caixas eletrônicos, custos com funcionários, etc. Tudo isso, de certa forma, também reflete no valor cobrado em empréstimos e financiamentos. 

Inadimplência

Pelo risco de não receber de volta o empréstimo realizado, o banco cobra um valor que funciona como uma “margem de segurança” pelo dinheiro disponibilizado. Esta é uma forma que eles possuem de garantir retorno e lucro.

É muito interessante observar este custo, pois muitas instituições realmente saem ganhando nesse sentido. Assim, o custo da inadimplência é um dos mais importantes do spread bancário.

Por outro lado, vale também observar que muitos brasileiros vivem inadimplentes. Um dado recente do Mapa de Inadimplência do Brasil, mostra que 63 milhões de pessoas possuem dívidas no país, que  alcançam cerca de R$ 213 milhões.

Encargos fiscais e compulsórios 

Por meio de uma determinação legal, o Banco Central (BC) cobra um depósito das instituições bancárias. Este valor faz parte das captações de poupança, depósitos à vista e depósitos a prazo e é fundamental para ajudar no controle do dinheiro em circulação no país. 

Além disso, há também uma cobrança realizada pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que atua para garantir a segurança dos correntistas e investidores. Com ele, caso um banco passe por uma falência ou liquidação, por exemplo, o correntista pode recuperar um valor do seu investimento ou poupança (dentro de um limite determinado). 

Lucros

Como comentamos, este tipo de operação é bastante lucrativa para os bancos e, a cada dinheiro emprestado ou financiamento realizado, eles saem ganhando. Portanto, além das taxas administrativas e dos custos tributários, as instituições tiram uma boa porcentagem desse valor para si.

O que é o spread cambial?

Com a mesma lógica do spread bancário, o spread cambial é cobrado pelas instituições quando há uma compra internacional, remessa ou recebimento de dinheiro do exterior. Este valor é cobrado do cliente para arcar com custos administrativos e da operação.

Se você precisa fazer uma transferência internacional, é fundamental que analise as taxas cobradas e busque por um serviço transparente, sem complicações. 

No Brasil, muitas instituições lucram amplamente com este tipo de operação! Para você ter uma ideia, nosso país possui o 2º spread bancário mais alto do mundo e fica atrás apenas de Madagascar.

Por que o spread bancário no Brasil é tão alto?

Existem diversos aspectos que nos ajudam a entender porque este valor é tão alto. Um deles é a inadimplência que, como comentamos, é recorrente e faz parte da vida de milhões de brasileiros.

Outra questão, sem dúvidas, é a quantidade de juros e tributação que incidem sobre as nossas finanças. E, para completar, vivemos em um país com alta concentração de renda e dificuldade para a recuperação de crédito. Nesse sentido, os grandes e antigos bancos exercem influência na macroeconomia, sem se preocupar muito com os juros cobrados dos seus clientes.

Como você pôde perceber, o spread bancário é um fator que contribui para o aumento da atividade financeira no país e, quando está baixo, motiva as pessoas a investirem mais, a consumir mais ou a pegar mais crédito — movimentando a economia.  

Vale lembrar que este é um ponto importante a ser analisado, antes da realização de um empréstimo ou financiamento. E, se você precisa fazer uma transação financeira internacional, também é importante ficar de olho.

Busque por um parceiro confiável, que não cobre taxas abusivas e seja transparente em todas as etapas das operações.

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