O que são Bonds e como investir nos títulos americanos?

Por:
Caio Fasanella
22/11/2024
|
Atualizado em
21/11/2024
15 min de leitura

Procurando novas oportunidades para investir e diversificar seu patrimônio? Com o Fed (Federal Reserve) mantendo a taxa de juros entre 5,25% e 5% ao ano, muitos investidores querem investir no mercado americano, e os bonds são uma excelente alternativa para ter uma parte do seu portfólio em dólar.

Bond, que na tradução literal significa “obrigação”, são títulos de renda fixa negociados por empresas, governos e outras instituições financeiras como uma forma de captar recursos para custear suas atividades.

Neste artigo, vamos explicar como funcionam os bonds, os tipos, as vantagens e desvantagens desse investimento, como comprar de forma segura e qual a tributação de títulos internacionais para investidores brasileiros. Confira!

O que são bonds? Conheça esse investimento de renda fixa

Bonds são títulos de renda fixa negociados no mercado internacional como uma forma de empréstimo que os investidores fazem para empresas ou governos.

Em troca, os investidores recebem juros periódicos (cupons) e, ao final do prazo, o valor principal investido é devolvido com acréscimo dos juros. Essa dinâmica é semelhante ao que ocorre com títulos de renda fixa no Brasil, como debêntures, CRIs, CRAs e títulos públicos.

Os títulos de renda fixa emitidos por empresas são chamados de Corporate Bonds, enquanto os emitidos por governos são conhecidos como Treasury Bonds. Empresas de todo o mundo, incluindo brasileiras, podem emitir bonds para captar recursos no exterior. Esses títulos são normalmente cotados em dólar americano, mas podem ser emitidos em outras moedas também.

Investir em bonds pode ser uma forma de diversificar a carteira e buscar rendimentos em moeda estrangeira. Os investidores podem escolher entre diferentes tipos de bonds, com variados prazos de vencimento, taxas de juros e formas de pagamento dos cupons.

É importante ressaltar que, como qualquer investimento, os bonds apresentam riscos, como de crédito, do emissor e de flutuação cambial. Porém, é considerado um investimento de baixo risco, principalmente aqueles que são emitidos pelo governo.

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Como funcionam os bonds?

Para entender melhor se vale a pena investir no exterior com bonds também é também preciso saber como funciona sua emissão, pagamento de juros e condições para resgate.

Se você investe no Tesouro Direto, por exemplo, sabe que os títulos são emitidos pelo governo brasileiro e remunerados de maneiras diferentes, podendo ser atrelados à taxa Selic, IPCA ou por uma porcentagem fixa, com diferentes vencimentos. Alguns permitem resgate antes do vencimento, outros não.

Os bonds internacionais, como os emitidos pelo governo americano, funcionam de maneira semelhante. Os juros, conhecidos como cupons, são prefixados e remunerados de forma periódica. Na data de vencimento, o valor investido é acrescido desses juros. Assim, você escolhe qual bond investir de acordo com seu perfil e expectativas de retorno.

Caso decida vender seus títulos antes do vencimento, é preciso fazer isso por meio do mercado secundário, como na bolsa de valores, e de acordo com as condições do mercado naquele momento. No caso dos Estados Unidos, a venda é algo relativamente fácil de ser feita, já que o mercado é bastante ativo.

Quais são os tipos de bonds?

Se interessou ainda mais por bonds? Conheça todos os tipos e as principais características de cada um:

1. Treasuries bond

Emitido pelo governo dos Estados Unidos, o Treasury é considerado um investimento de baixo risco e com retorno garantido. Com a taxa de juros ainda alta, é um dos mais procurados pelos investidores. Dentro desse tipo, temos as seguintes opções:

  • Treasury Bills (T-Bills): Curto prazo (vencimento de até um ano), não pagam cupons, são vendidos com deságio e o investidor lucra com a diferença no vencimento.
  • Treasury Notes (T-Notes): Médio prazo (vencimento de 2 a 10 anos), pagam cupons semestrais.
  • Treasury Bonds (T-Bonds): Longo prazo (vencimento de 20 ou 30 anos), pagam cupons semestrais.
  • Treasury Inflation-Protected Securities (TIPS): Boa opção para proteger seu dinheiro, com o valor sendo ajustado à inflação.

2. Corporate bonds

A segunda opção mais procurada são os bonds emitidos por empresas privadas, conhecido como corporate bond. Podem ter retorno fixo ou variável, dependendo da escolha do emissor, e são considerados mais arriscados que os Treasuries, mas com potencial de retorno mais alto.

O risco de crédito vai de acordo com a classificação de cada empresa, que pode ser:

  • Investment Grade: Emitidos por empresas com boa saúde financeira, menor risco.
  • High-Yield (Junk Bonds): Emitidos por empresas com maior risco de crédito, mas que oferecem rendimentos mais altos.

Há também o convertible bonds dentro dessa opção, onde as ações de uma empresa são convertidas em títulos.

3. Municipal bonds

Além do governo federal, nos Estados Unidos é comum governos locais emitirem títulos para custear suas atividades. Uma vantagem desse título é a isenção de imposto de renda federal nos EUA e, em alguns casos, de imposto estadual e local.

4. Emerging Market Bonds 

Títulos de dívida emitidos por governos ou empresas de países em desenvolvimento, mas também ofertados em dólar. Oferecem potencial de retorno mais alto que os Treasuries, mas com riscos mais elevados devido à instabilidade econômica e política de alguns desses países.

Mas, antes de escolher a melhor opção para sua carteira, é preciso entender as vantagens e os riscos de investir em bonds para tomar uma decisão de forma consciente e segura.

As vantagens e os riscos dos bonds

Como toda aplicação, os bonds apresentam vantagens e riscos que devem ser levados em consideração antes de você investir.

Como principal vantagem, você terá um investimento que proporciona renda estável e previsível, uma vez que os juros, conhecidos como cupons, são pagos de forma regular. Essa característica é especialmente interessante para quem quer diversificar de maneira segura, mas quer explorar novos cenários investindo em dólar.

Ao incluir os bonds no seu portfólio, principalmente Treasuries, que são emitidos pelo governo dos Estados Unidos, você também terá um investimento com risco de crédito reduzido, algo extremamente importante para construir um patrimônio sólido a longo prazo.

No entanto, existem riscos que precisam ser levados em consideração. Primeiro, bonds costumam ter um valor inicial de investimento alto, principalmente em comparação ao Tesouro Direto brasileiro. Além disso, existe o risco de mercado, pois se o investidor quiser vender antes do vencimento, pode receber um valor menor que o esperado dependendo das condições econômicas daquele momento.

Por fim, é importante ressaltar que cada bond conta com características e riscos diferentes. Bonds corporativos, por exemplo, podem oferecer taxas de juros mais altas, mas também têm um risco de crédito maior do que os títulos governamentais.

Portanto, antes de investir em bonds, é fundamental entender o seu perfil de investidor, seus objetivos financeiros e como cada título pode ajudar sua carteira a performar, buscando sempre que possível informações e ajuda de profissionais do mercado financeiro.

Como funciona a tributação dos bonds?

Os bonds não possuem isenção de imposto. Sendo assim, quem investe em renda fixa no exterior precisa recolher o imposto de renda no Brasil. De acordo com a Receita Federal, todos os rendimentos oriundos de aplicações em títulos internacionais, como os bonds, são considerados como Ganho de Capital.

O imposto é aplicado no Ganho de Capital, como acontece com os demais investimentos de renda física, e a alíquota é de 15%.

Como investir em bonds?

Se você deseja começar a investir em bonds e construir um portfólio em dólar, há diversas opções interessantes e com valores acessíveis para investidores brasileiros. Conheça abaixo algumas delas:

1. ETFs 

Entre as opções para investir em bonds dentro do Brasil estão as ETFs (Exchange Traded Funds), que são fundos de índice negociados na bolsa de valores como ações. No Brasil, existem dois ETFs que investem em bonds internacionais, o BNDX11 e o USDB11, sendo uma forma acessível e de baixo custo para investir em títulos globais.

2. BDRs

Outra opção são as BDRs, sigla para Brazilian Depositary Receipts, que são certificados que representam ações de ETFs estrangeiros negociados na B3. Existem mais de 20 BDRs de ETFs de renda fixa disponíveis, proporcionando acesso a uma variedade de títulos de bonds por meio da bolsa brasileira.

3. Fundos de investimentos

Você também pode investir em bonds por meio de fundos de investimentos especializados, que podem ter em sua composição somente um tipo de bond ou ser híbrido, com diversas opções para perfis conservadores, moderados e arrojados.

4. Investimento direto no exterior

Outra maneira de investir em bonds é adquirindo os títulos diretamente com uma corretora que opera em dólar. Mesmo no Brasil já temos plataformas que permitem a compra de bonds diretamente nos mercados internacionais, oferecendo maior flexibilidade e acesso a uma gama ampla de títulos.

Mas antes, aprenda conosco como diversificar seus investimentos e saiba por que é tão importante ter parte do seu portfólio em dólar, a moeda mais forte do mundo. Confira!

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