por
Nickolas Lobo
Paula Zogbi
5 min
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Publicado em
25/7/2025
Bolsa americana está cara ou barata? Uma análise além da superfície | Gráfico da Semana
O S&P 500 sobe quase 9% neste ano, alcançando novos recordes e alimentando a discussão recorrente sobre a bolsa americana estar “cara”. Historicamente, na média dos últimos 20 anos, os preços das ações do índice correspondem a 16,5x o lucro projetado para as companhias - ou seja, o índice tem um histórico de negociar a 16,5x P/E (preço sobre lucro, em inglês). Atualmente, este múltiplo está em 22,4x P/E. Na prática, isso significa que, em média, os investidores estavam dispostos a pagar ~US$16 por US$1 de lucro das companhias na média dos últimos 20 anos. Hoje, paga-se ~US$22 por US$1 de lucro.
Olhando apenas por este ângulo, portanto, a bolsa parece estar cara. Mas acreditamos que alguns fatores contribuem para justificar os patamares atuais.
No nosso último relatório sobre os resultados corporativos no 1T25, reportamos que o crescimento de lucros foi quase o dobro do que os analistas projetaram, o que significa que o denominador do Múltiplo de P/E, que é o lucro das companhias, foi maior do que era esperado. Com o aumento do denominador, o múltiplo diminui. Isso significa que, se os lucros das empresas crescerem mais do que os analistas esperam, o prêmio pago pode ser justificado. No caso, se o S&P crescesse 35% acima do esperado nos próximos 12 meses, esse múltiplo convergiria para a média dos últimos 20 anos.
Por exemplo: em 2022, a Nvidia (NVDA) negociava a mais de 50x P/E NTM. Mas isso se mostrou um efeito de projeções “tímidas”: a companhia cresceu muito acima das projeções, valorizando mais de 480%, e negociando hoje a 34,4x a mesma métrica.
Isso significa que o mesmo pode acontecer com o índice? Não necessariamente, mas tudo depende do crescimento apresentado em relação ao prêmio pago. Atualmente, os principais riscos para o crescimento dos lucros das empresas estão relacionados aos impactos de políticas comerciais, o que já está implícito nas estimativas do mercado. Na ponta positiva, o avanço da inteligência artificial tem potencial de melhorar a produtividade das companhias e, consequentemente, as margens, acima destas projeções.
Nickolas Lobo
Analista de Research da Nomad, com 5 anos de experiência no mercado financeiro, com passagem pela Spectra, Banco Modal e mais de 3 anos trabalhando em equities globais, principalmente no mercado americano, na RXZ Investimentos. É graduado em Economia pelo Insper
Paula Zogbi
Estrategista-chefe da Nomad, tem mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro, foi head de conteúdo na XP, analista na Rico e jornalista na InfoMoney e EXAME. É graduada em jornalismo pela USP e tem certificação CNPI pela Apimec.