por
Paula Zogbi
Nickolas Lobo
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Publicado em
16/10/2025
Pela primeira vez desde o 4º trimestre de 2021 (Q4 2021), os analistas, em agregado, aumentaram suas estimativas de lucros por ação (LPA) para as empresas do S&P 500 durante o trimestre, indicando maior otimismo para o micro das companhias em meio à expectativa pelo corte de juros em um cenário econômico ainda incerto (saiba mais na Carta Mensal de Outubro). De um crescimento agregado de 7,3% estimado em 30 de junho, os analistas consultados pela FactSet agora esperam aumento de 8% na temporada referente aos resultados do terceiro trimestre deste ano. Por um lado, o otimismo indica propensão à tomada de risco na bolsa americana; por outro, pode se traduzir em uma maior taxa de decepção e gerar volatilidade caso as empresas não atinjam as expectativas.
Grandes bancos já reportaram seus números. A lucratividade superou as expectativas dos analistas, mas os executivos trouxeram um tom de cautela em relação ao futuro cenário econômico, à medida que apontaram para a resiliência dos gastos do consumidor, mas também reconheceram pressões inflacionárias persistentes e incertezas geopolíticas. As divisões focadas em retail do Bank of America, JPMorgan Chase, Wells Fargo e Citigroup foram impulsionadas pela resiliência do consumidor americano, ilustrada por um aumento de 13% na receita de cartões de crédito do Wells Fargo ano a ano, e no sólido crescimento de empréstimos e depósitos em geral. Combinada com o ambiente de altas taxas de juros, essa atividade se traduziu diretamente em uma receita líquida de juros (NII) recorde com o Bank of America, por exemplo, reportando um aumento de 9,1%.
Para as divisões de não-retail houve uma recuperação significativa na linha de receita para o mercado de capitais. Após uma desaceleração prolongada, uma onda de fusões e aquisições alimentou uma recuperação no setor de Investment Banking, destacada por um salto de 43% na receita do Bank of America. Ao mesmo tempo, as linhas de trading de empresas como JPMorgan e Goldman Sachs continuaram capitalizando a volatilidade do mercado, dando uma maior robustez nos lucros, ao mesmo tempo em que wealth management também apresentou um crescimento saudável.
No entanto, a avaliação positiva do presente foi consistentemente acompanhada por um significativo preocupações sobre o que está por vir. A principal preocupação é o risco de uma inflação persistente, que os executivos temem que possa resultar em uma piora do poder de compra do consumidor, junto a uma camada de risco global geopolítico imprevisível. Além disso, levantou-se preocupações em torno da qualidade do crédito. Embora a inadimplência de empréstimos esteja atualmente baixa, os comentários sugeriram uma normalização futura.
Paula Zogbi
Estrategista-chefe da Nomad, tem mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro, foi head de conteúdo na XP, analista na Rico e jornalista na InfoMoney e EXAME. É graduada em jornalismo pela USP e tem certificação CNPI pela Apimec.
Nickolas Lobo
Analista de Research da Nomad, com 5 anos de experiência no mercado financeiro, com passagem pela Spectra, Banco Modal e mais de 3 anos trabalhando em equities globais, principalmente no mercado americano, na RXZ Investimentos. É graduado em Economia pelo Insper