Afastando ruídos | Carta Mensal de Agosto de 2025

Em julho, a maior clareza política se sobrepôs às más notícias, e o mercado anotou novas máximas. Até onde podemos ir?

por

Paula Zogbi

Danilo Igliori

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Publicado em

13/8/2025

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Entre acordos comerciais e leis orçamentárias, julho confirmou alguns dos cenários que preocupam os mercados, com tarifas comerciais subindo significativamente em relação aos patamares pré-Trump e projeções de aumento da dívida pública americana em US$ 3,4 trilhões na próxima década após a outorgação da One Big Beautiful Bill Act no início do mês. Mas a maior clareza política se sobrepôs às más notícias, e o mercado anotou novas máximas.

Ao longo do mês passado, prosperou a narrativa de que a economia americana seguia resiliente, apesar da inflação ainda acima da meta do Fed. Este foi o destaque da decisão de política monetária do FOMC na reunião mais recente, afastando temporariamente as projeções de cortes de juros já em setembro. Mas as águas mudaram junto com o calendário. A virada do mês veio junto com uma leitura de mercado de trabalho mais fraca que o antecipado, alimentando preocupações sobre a atividade econômica americana, mas estimulando a tomada de risco pela renovação da expectativa da retomada do ciclo de afrouxamento monetário. 

A temporada de resultados está a pleno vapor, com a maior parte das companhias divulgando números acima das projeções, especialmente nos segmentos de crescimento, como tecnologia — vale lembrar que uma parte disso pode ser atribuída a um maior pessimismo do próprio mercado, que antecipou efeitos das tarifas nas margens e previu números menores. 

Mais uma vez, reforçamos a importância de diluir riscos em teses diversificadas e complementares. O afastamento de parte das incertezas continua sustentando o desempenho dos ativos de risco, e as empresas seguem mostrando resiliência, especialmente com o pano de fundo da expectativa de ganhos de produtividade de longo prazo relacionados a novas tecnologias, como IA. Na renda fixa, os retornos permanecem elevados, e as renovadas expectativas de cortes de juros tendem a comprimí-los, indicando que a janela de entrada pode estar perto de se fechar. Globalmente, os acordos comerciais com os EUA afastaram parte das incertezas, com investidores precificando um cenário de “céu de brigadeiro” que pode não se sustentar em meio a um fiscal ainda desafiador e valuations aparentemente elevados (em mais de 20 vezes preço sobre lucro, contra uma média próxima de 16). Parafraseando uma fala recente do especialista em finanças comportamentais Morgan Housel: economize como um pessimista, mas invista como um otimista. 

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Paula Zogbi

Estrategista-chefe da Nomad, tem mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro, foi head de conteúdo na XP, analista na Rico e jornalista na InfoMoney e EXAME. É graduada em jornalismo pela USP e tem certificação CNPI pela Apimec.

Danilo Igliori

Economista-chefe da Nomad. Professor do Departamento de Economia da FEA-USP, PhD pela Universidade de Cambridge. Foi um dos fundadores da DataZAP, no Brasil já atuou em empresas como BTG Pactual, Unibanco, Vale, Grupo Zap e OLX, e atuou como consultor em agências internacionais (Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento).

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