por
Paula Zogbi
Nickolas Lobo
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Publicado em
18/6/2025
Os ataques recentes entre Israel e Irã provocaram uma resposta imediata nos mercados globais, particularmente no preço do petróleo, pela percepção de um aumento do prêmio de risco geopolítico e temores de interrupção no fornecimento de petróleo no Oriente Médio, uma região crucial para a produção. Por ora, a expectativa é que as altas nos preços não serão sustentáveis, com baixa probabilidade de fechamento do Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo negociado globalmente, e considerando uma capacidade ociosa de produção da Opep. Mas como conflitos e crises afetam os preços da commodity?
Historicamente, conflitos e crises econômicas têm moldado os preços do petróleo de maneiras distintas, dependendo se o choque é de oferta ou demanda. A Guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, é um exemplo clássico de choque de oferta e risco geopolítico. Após a invasão, os preços do petróleo dispararam, com o WTI e o Brent subindo mais de 50% nos meses iniciais, ultrapassando US$ 100 por barril. Isso se deveu à incerteza sobre o fornecimento de petróleo da Rússia, um dos maiores produtores, e às sanções ocidentais que perturbaram os fluxos comerciais globais.
Em contraste, a Crise Financeira Global de 2008 representou um choque de demanda, com uma desaceleração da atividade. O Brent, que estava em cerca de US$ 150 por barril em meados de 2008, despencou para aproximadamente US$ 40 por barril no início de 2009. A profunda recessão econômica global, o aumento do desemprego, a redução do consumo e a crise de crédito resultaram em uma queda drástica na demanda por petróleo, levando a uma retração acentuada nos preços.
Pouco depois, a Primavera Árabe, a partir de 2011, ilustrou novamente a sensibilidade do mercado de petróleo a interrupções na oferta em regiões produtoras. Os levantes e conflitos civis em países do Oriente Médio e Norte da África, como na Líbia, que teve sua produção cortada em até 75%, fizeram com que os preços do Brent saltassem de cerca de US$ 92 por barril em janeiro de 2011 para US$ 120 em abril do mesmo ano, e chegando a US$ 126. A instabilidade política gerou temores generalizados sobre a segurança do fornecimento e o trânsito de petróleo por rotas importantes como o Canal de Suez.
Em suma, enquanto choques de oferta e risco geopolítico, como os recentes ataques Israel-Irã, a Guerra na Ucrânia e a Primavera Árabe, tendem a elevar os preços do petróleo devido à incerteza e potenciais interrupções no fornecimento, crises de demanda, como a de 2008, provocam quedas acentuadas. O mercado reage rapidamente a esses eventos, incorporando um prêmio de risco que reflete o nível de preocupação com a estabilidade da oferta global de energia. Em todos os casos, o posicionamento em ativos defensivos em uma carteira diversificada é essencial para diminuir os efeitos da volatilidade em um portfólio.
Paula Zogbi
Estrategista-chefe da Nomad, tem mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro, foi head de conteúdo na XP, analista na Rico e jornalista na InfoMoney e EXAME. É graduada em jornalismo pela USP e tem certificação CNPI pela Apimec.
Nickolas Lobo
Analista de Research da Nomad, com 5 anos de experiência no mercado financeiro, com passagem pela Spectra, Banco Modal e mais de 3 anos trabalhando em equities globais, principalmente no mercado americano, na RXZ Investimentos. É graduado em Economia pelo Insper
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