por
Time Nomad
12 min.
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Publicado em
1/10/2025
Ao abrir o relatório financeiro de uma empresa, investidores, principalmente os iniciantes, podem se sentir em meio a uma verdadeira "sopa de letrinhas": Ebit, LAJIDA, P/L, ROE, e por aí vai. Essa abundância de siglas e indicadores pode parecer intimidadora, mas entendê-los é um passo essencial para tomar decisões de investimento mais informadas e assertivas.
Dentro desse universo, uma sigla se destaca pela sua popularidade e importância no mercado financeiro: o EBITDA.
Longe de ser apenas mais um jargão, o EBITDA funciona como uma lupa sobre a saúde operacional de um negócio. Ele oferece uma visão clara da capacidade que uma empresa tem de gerar caixa com sua atividade principal, antes de uma série de descontos.
Neste artigo, vamos descomplicar de vez o que é o EBITDA, para que ele serve, como calculá-lo e, o mais importante, quais os cuidados que você deve ter ao usar esse indicador para analisar seus investimentos.
EBITDA é um acrônimo em inglês para Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation, and Amortization.
Em português, a tradução literal seria LAJIDA: Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização. Embora você possa encontrar o termo LAJIDA em alguns relatórios, a sigla em inglês, EBITDA, é a mais utilizada globalmente pelo mercado financeiro.
Vamos detalhar cada componente para entender o conceito:
Ao somar de volta esses itens ao lucro, o EBITDA nos mostra o quanto a operação principal da empresa é capaz de gerar em termos de caixa, isolando os efeitos de financiamentos, impostos e despesas contábeis que não afetam o caixa.
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O principal objetivo do EBITDA é medir a eficiência e a produtividade de uma empresa, ou seja, sua capacidade em gerar lucro a partir de suas atividades operacionais. Mas por que isso é tão útil?
A grande vantagem do EBITDA é seu poder de comparação. Imagine duas empresas do mesmo setor. Uma delas pode ter pego muitos empréstimos para crescer (e por isso paga muitos juros), enquanto a outra usou capital próprio. O lucro líquido delas será muito diferente. O EBITDA, no entanto, permite comparar qual das duas tem uma operação mais rentável, independentemente de como elas se financiaram.
O mesmo vale para impostos, que podem variar entre países ou devido a incentivos fiscais. Ao remover esses "ruídos", o EBITDA oferece uma visão mais pura da performance operacional. Por essa razão, ele também é uma peça importante em análises de valuation (avaliação de empresas), onde múltiplos como o EV/EBITDA são usados para estimar o valor de mercado de uma companhia.
Existem algumas formas de calcular o EBITDA, mas a mais comum parte do "Lucro Operacional" ou "EBIT" (Earnings Before Interest and Taxes), uma linha que você encontra na Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) da empresa.
A fórmula é:
EBITDA = Lucro Operacional (EBIT) + Depreciação + Amortização
Vamos a um exemplo simples. Imagine a "Companhia Global de Widgets S.A." e sua DRE simplificada:
Em outra parte do relatório, a empresa informa que suas despesas com Depreciação e Amortização no período foram de R$ 150.000.
Para calcular o EBITDA:
O número absoluto do EBITDA é importante, mas ele ganha ainda mais poder de análise quando o transformamos em um indicador percentual: a Margem EBITDA.
A fórmula é:
Margem EBITDA = (EBITDA / Receita Líquida) x 100
Usando nosso exemplo:
Isso significa que, para cada R$ 100 que a "Companhia Global de Widgets" faturou, sua operação principal gerou R$ 32,50 de caixa antes dos descontos de juros, impostos, depreciação e amortização. A margem é excelente para comparar a eficiência operacional entre empresas do mesmo setor, mesmo que tenham tamanhos diferentes.
É essencial não confundir os dois. Pense em uma cafeteria:
Uma cafeteria pode estar sempre cheia (EBITDA alto), mas dar prejuízo se a parcela do empréstimo for muito alta (despesa de juros) ou o aluguel for caro (despesa que impacta o lucro). O EBITDA mostra o potencial; o Lucro Líquido mostra a realidade final.
O EBITDA é um indicador poderoso, mas perigoso se analisado isoladamente. Ele tem pontos cegos importantes que todo investidor precisa conhecer.
Por isso, um investidor inteligente nunca se baseia em um único indicador. É preciso analisar uma ação de forma holística, combinando diversas métricas. Estratégias consagradas como stock picking e value investing se baseiam em uma análise profunda dos fundamentos da empresa, onde o EBITDA é apenas uma peça do quebra-cabeça.
Muitas empresas divulgam um "EBITDA Ajustado". Ele é o EBITDA tradicional, mas com a exclusão de itens não recorrentes, como a venda de um ativo, custos com uma reestruturação ou despesas com um processo judicial. A ideia é mostrar um resultado operacional "mais limpo", mas é preciso ler as notas explicativas para entender exatamente o que foi ajustado.
Sim, na grande maioria dos casos. Um EBITDA negativo significa que a operação principal da empresa está dando prejuízo, ou seja, ela gasta mais para operar do que gera em receita. Isso é um grande sinal de alerta. A exceção são algumas startups de tecnologia em fase de altíssimo crescimento, que queimam caixa intencionalmente para ganhar mercado, uma estratégia de alto risco.
Para REITs (Real Estate Investment Trusts), o EBITDA não é o indicador mais adequado. Como esses fundos possuem muitos imóveis, a despesa de depreciação é muito alta e distorce o resultado. Por isso, o mercado utiliza outras métricas, como o FFO (Funds From Operations), para analisar REITs.
O EBITDA é uma ferramenta indispensável no arsenal de qualquer investidor. Ele oferece um retrato rápido e eficaz da saúde operacional de uma empresa, permitindo comparações valiosas. No entanto, seu valor está em usá-lo como um ponto de partida, e não de chegada.
Entender suas limitações é tão importante quanto saber calculá-lo. Ao combinar a análise do EBITDA com outros indicadores, como endividamento, fluxo de caixa e lucro líquido, você estará no caminho certo para construir uma tese de investimentos mais sólida e segura.
O conhecimento é a melhor ferramenta para romper fronteiras. Continue aprofundando seus estudos e use os conteúdos da Nomad para colocar sua estratégia em prática e começar a investir no exterior com mais confiança e preparo.
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