por
Bruno Shahini
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Publicado em
17/8/2025
Durante a semana de 11 a 15 de agosto de 2025, o dólar registrou leve desvalorização em relação ao real — variando entre R$ 5,450 (máxima em 11/08) e R$ 5,386 (mínima em 13/08) — e encerrou com queda acumulada de cerca de 0,70 %.
O dólar oscilou em um ambiente de forças mistas, mas encerrou em queda diante de três fatores principais: a expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve em setembro, que manteve pressão negativa sobre a moeda americana; o diferencial elevado de juros no Brasil, que segue atraindo fluxo via carry trade e sustentando o real; e o pano de fundo de maior apetite global por risco, favorecido por sinais de alívio inflacionário nos EUA e pela percepção de que o real continua se destacando entre as moedas emergentes, apesar das incertezas fiscais e tarifárias no cenário doméstico.
- O dólar encerrou a sessão desta sexta-feira em queda, retornando ao patamar abaixo de R$ 5,40 após dois pregões consecutivos de alta. O movimento refletiu o enfraquecimento global da moeda americana, favorecido pela expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve em setembro e pelo otimismo em torno das negociações diplomáticas entre Estados Unidos e Rússia. Esse ambiente externo positivo impulsionou as moedas emergentes e deu fôlego ao real, que acumula em agosto e no ano ganhos relevantes frente ao dólar. No mercado doméstico, o câmbio seguiu em compasso de tranquilidade, com oscilações contidas ao longo do dia, sustentado pelo diferencial de juros favorável e pelo cenário internacional que segue pressionando a divisa americana.
- O dólar caminha para fechamento em alta em relação ao real. No exterior, o índice de preços ao produtor (PPI) acima das previsões reforçou sinais de pressão inflacionária na economia americana, elevando os rendimentos dos Treasuries e sustentando a valorização global da moeda americana. O dado sugere que parte da alta pode refletir o impacto das tarifas impostas pelo governo Trump sobre produtos importados, alimentando expectativas de que o Federal Reserve realize apenas um corte de juros neste ano, possivelmente em setembro, reduzindo as chances de afrouxamento adicional em 2025. Esse quadro fortaleceu o dólar frente a emergentes, inclusive o real.
O mercado de câmbio segue em ritmo contido, dividido entre fatores externos e incertezas internas. Lá fora, o dólar perde força diante das apostas de corte de juros nos EUA e da leitura mais favorável dos dados de inflação ao consumidor (CPI), enquanto a queda das commodities freia o ganho do real. No cenário doméstico, a atenção se volta para o pacote de apoio a exportadores, ainda cercado de dúvidas sobre seu formato e efeitos fiscais. A percepção de fragilidade nas contas públicas mantém o clima de cautela, deixando o dólar sensível tanto às decisões do Fed quanto à confiança na política econômica brasileira.
O dólar encaminha para encerrar a sessão em queda frente ao real, revertendo a alta inicial sustentada pela extensão da trégua tarifária entre EUA e China. O bom humor dos mercados e o maior apetite por risco foram impulsionados por dados de inflação em linha com as expectativas nos EUA e abaixo do piso das projeções no Brasil, reforçando apostas de cortes de juros pelo Federal Reserve a partir de setembro e aumentando a demanda por moedas emergentes. No exterior, a moeda americana perdeu fôlego de forma generalizada e acelerou a queda à medida que investidores digeriam o CPI americano, que elevou as chances de cortes adicionais de juros ainda neste ano. No Brasil, o IPCA mais fraco sustentou expectativas de flexibilização monetária a partir de 2026, enquanto o elevado diferencial de juros segue favorecendo o real via carry trade.
- Em pregão de liquidez reduzida, o dólar avançou levemente e acompanhou o movimento externo, num dia de ajustes e realização após a forte queda da semana passada. Com agenda esvaziada e à espera do CPI de julho nos EUA, investidores adotaram postura cautelosa; a notícia de prorrogação das negociações comerciais com a China teve efeito limitado. O câmbio oscilou em faixa estreita e fechou a R$ 5,4420 (+0,11%), ainda acumulando queda no mês e no ano, em linha com o enfraquecimento global da moeda americana. O diferencial de juros elevado — com Selic em 15% — sustenta operações de carregamento e dá suporte ao real, mas ruídos domésticos e incertezas ligadas às tarifas de 50% sobre exportações brasileiras tendem a conter quedas adicionais, mantendo a taxa mais próxima de R$ 5,40 do que de patamares inferiores, apesar do superávit comercial no mês.
Bruno Shahini
Com 9 anos de experiência no mercado financeiro, atuou na Votorantim Asset e no Banco Daycoval, é economista formado no Insper e possui as certificações CFP® (Certified Financial Planner) e CGA (Gestão de Carteiras ANBIMA)
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