por
Nickolas Lobo
Danilo Igliori
2 min
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Publicado em
6/6/2025
O mundo atingiu um novo patamar em sua trajetória de endividamento: mais de U$ 325 trilhões, segundo dados do Institute of International Finance (IIF). Esse montante representa a maior, mais rápida e mais abrangente expansão da dívida desde a Segunda Guerra Mundial. O fenômeno ganhou impulso com a pandemia de Covid-19 e se intensificou diante de um cenário global de inflação persistente e tensões geopolíticas.
O gráfico apresentado ilustra claramente essa tendência ascendente. Desde o fim dos anos 1990, todas as categorias de dívida: households (famílias), corporativo não financeiro, governos e setor financeiro. O que chama a atenção é o aumento expressivo da dívida governamental e do setor financeiro a partir de 2008, refletindo inicialmente os estímulos pós-crise do subprime e, mais recentemente, as medidas de apoio durante a pandemia. O resultado? Hoje, a dívida total ultrapassa 300% do PIB global, com destaque para:
A aceleração da dívida pública após 2020 coincide com os pacotes fiscais implementados em diversos países. Embora o crescimento da dívida corporativa e do setor financeiro também tenha sido relevante, a fatia governamental é cada vez mais relevante no total da dívida.
O IIF alerta que, apesar de a relação dívida/PIB das economias desenvolvidas estar caindo gradualmente, isso não implica tranquilidade. Japão e Estados Unidos são os maiores contribuintes para o estoque de dívida global. Já os mercados emergentes, com dívida recorde de US$ 105 trilhões, apresentam hoje um preocupante endividamento de mais de 250% do PIB, com destaque para China, Índia e México como os maiores vetores de crescimento.
Reforçando os argumentos que trouxemos a 15 dias atrás, os EUA não é o único país a apresentar uma trajetória de dívida significativamente elevada. Inflação resiliente, fricções comerciais e instabilidade geopolítica elevam o custo global de financiamento. Além disso, déficits fiscais persistentes e juros estruturalmente mais altos desafiam a sustentabilidade das contas públicas, principalmente entre governos e empresas.
Apesar da saúde dos balanços das famílias servir como um suporte redutor dos efeitos negativos da dívida na economia, a mensagem é clara: a margem para lidar com novos choques está cada vez mais estreita, e o mundo precisará encontrar um novo equilíbrio entre crescimento, disciplina fiscal e estabilidade financeira.
Nickolas Lobo
Analista de Research da Nomad, com 5 anos de experiência no mercado financeiro, com passagem pela Spectra, Banco Modal e mais de 3 anos trabalhando em equities globais, principalmente no mercado americano, na RXZ Investimentos. É graduado em Economia pelo Insper
Danilo Igliori
Economista-chefe da Nomad. Professor do Departamento de Economia da FEA-USP, PhD pela Universidade de Cambridge. Foi um dos fundadores da DataZAP, no Brasil já atuou em empresas como BTG Pactual, Unibanco, Vale, Grupo Zap e OLX, e no Reino Unido, em agências internacionais como Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento.
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